Antônia Flor e resistências de mulheres camponesas na luta pela terra em Piripiri – Piauí

Abstract

A pesquisa aborda a atuação de mulheres camponesas na conquista da terra no Piauí à luz da história de resistência da trabalhadora rural Antônia Flor e de mulheres camponesas na conquista do assentamento que tem seu nome, em sua homenagem, no município de Piripiri. Apresenta os aspectos históricos de vida de Antônia Flor e sua contribuição na luta pela terra, como se deu a construção política do assentamento e o seu reconhecimento político como símbolo de luta pela terra e pela reforma agrária no estado. O trabalho foi desenvolvido com o olhar de gênero para a questão agrária, a história das Ligas Camponesas e das lutas camponesas no Piauí, desde anos que antecedem ao golpe civil-militar em 1964 até a redemocratização. A primeira etapa da pesquisa consistiu na pesquisa bibliográfica e documental. A segunda, em trabalho de campo, com coleta de dados a partir de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa teve como objetivos (re)construir aspectos históricos da luta pela terra no Piauí; (re)construir a história de vida de Antônia Flor e sua contribuição na luta pela terra; registrar a luta pela formação do assentamento Antônia Flor e a atuação de mulheres na trajetória de construção política do assentamento Antônia Flor. A análise dos dados coletados foi realizada a partir de quatro categorias teóricas: mulheres e feminismo; memória; violência contra a mulher; e reconhecimento político. O trabalho identificou o protagonismo de Antônia Flor como resistência, na gleba Gameleira, em Piripiri, capaz de semear a luta pelo direito à terra. A trabalhadora rural sindicalizada foi assassinada covardemente em meio aos conflitos pela terra, em 1984. Sua força e determinismo em permanecer na terra, resistindo às violências do latifúndio, fizeram dela uma referência importante para o processo de luta e conscientização de mulheres camponesas no Piauí na luta pelos seus direitos e por reforma agrária.