Melancolia pós-colonial das imigrações em Milton Hatoum

Abstract

Este trabalho desenvolve um estudo sobre a ideia de melancolia e sua representação na obra de Milton Hatoum, sob a perspectiva de algumas teorias acerca da melancolia, especialmente aquelas situadas entre a Psicanálise, a Sociologia e a Teoria Pós-Colonial. Levando-se em conta que a Literatura Contemporânea insere o discurso psicanalítico e pós-colonial como mecanismo de crítica às relações sociopolíticas e psíquicas da sociedade atual Freud (1917), Burton (2017), Gilroy (2004), estas áreas do conhecimento nos servem de embasamento necessário para a análise da Literatura, guiando o nosso estudo no segundo capítulo desta tese, sobretudo ao discutirmos problemas como a memória, a perda, o luto entre outros. Adiante, ao trabalharmos com pensadores clássicos e contemporâneos, dialogando com a filosofia, a história e a literatura, buscamos apresentar como se manifesta a melancolia nas artes e na Literatura, sobretudo na abordagem de Walter Benjamin (1984) acerca do drama do Barroco alemão. Destes estudos, examinamos tópicos destaques do Pós-colonialismo, da Literatura brasileira e da diáspora árabe para, adiante, no derradeiro capítulo desta tese, examinar todo esse conjunto de elementos na obra de Milton Hatoum, e como este sentimento de perda e identificação está relacionado à condição do imigrante representado na obra do autor. Para tal, examinamos a melancolia (o distúrbio ou a criatividade) que predomina nos personagens e narradores de duas obras suas: Relato de um Certo Oriente (2008) e Dois Irmãos (2004), assinalando a figuração dos sujeitos representados por alguns elementos da narrativa, em especial a relação desses mesmos sujeitos com a distância e a perda de objetos, pessoas, espaços e épocas. Assim, ao apontar alguns elementos desse aspecto sócio-psíquico da humanidade e demonstrar certos atributos que são representados na primeira fase da obra do escritor amazonense e sua relação com a imigração, a cultura árabe no Brasil e as teorias póscoloniais, entendemos que o debate instaurado entre literatura, filosofia, história e sociedade é fundamental para empreender novas formas de encarar problemas prementes de nossa época, não apenas esteticamente, mas também socialmente.