Assistência estudantil e permanência na Universidade Federal de Goiás em tempos de calamidade sanitária de COVID-19

Abstract

Esta Dissertação trata sobre a permanência de estudantes ingressantes em 2020 e 2021, contemplados com bolsas, ações e programas institucionais da Assistência Estudantil, durante o agravamento da pandemia do novo coronavírus e em relação ao contexto da nova modalidade de Ensino Remoto Emergencial (ERE) na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela objetivou apreender as estratégias/ações institucionais assumidas no âmbito da Assistência Estudantil para efetivação da permanência de estudantes que ingressaram em 2020 e 2021 na Universidade Federal de Goiás (UFG)/Regional Goiânia, em tempos de pandemia da Covid-19, considerando a educação superior no Brasil sob os ditames do capitalismo dependente. Parte-se do pressuposto que as ações e programas institucionais da Assistência Estudantil na UFG, durante o período da pandemia de Covid-19 com o ERE, não garantiram, por si mesmas, a permanência estudantil. Para tal, utilizou-se de levantamento bibliográfico e pesquisa documental a partir de documentos oficiais e lives institucionais da UFG, regulamentos, portarias e legislações sobre a Assistência Estudantil através dos dados disponíveis nos sítios eletrônicos oficiais (UFG Oficial; PRAE UFG; Analisa UFG), bem como Relatórios Anuais da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis dos anos de 2019 e 2020. Foi solicitado dados quantitativos para a Diretoria de Articulação Acadêmica (DISA) da Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) de estudantes que ingressaram nos cursos da UFG (Regional Goiânia e Aparecida de Goiânia), no ano de 2020 e 2021, e, que foram contemplados com bolsas/auxílios e/ou programas da PRAE (2020- 2021). Assim, a sistematização desta pesquisa foi estruturada em três feixes de análise: 1) Educação superior no capitalismo dependente; 2) Perfil dos/as estudantes nas universidades federais e política de assistência estudantil na UFG; e 3) Desafios da política de assistência estudantil em tempos de pandemia. Como resultados, destaca-se que: 1) O padrão dependente da educação superior na atualidade apresenta-se como um nicho mercadológico sob a imagem falseada de democratização da política; 2) A desigualdade social, de classe, renda, raça, etnia, gênero e regionalidade é uma realidade estruturante no acesso e permanência estudantil à educação superior brasileira; 3) A fragilidade legal da Assistência Estudantil, bem como sua lógica focalizada e seletiva se apresentam cada vez mais insuficientes para atender a todos que possuem o direito de acessá-la; e 4) A política de assistência estudantil é essencial para a construção da permanência estudantil de estudantes da classe trabalhadora, embora seja essencial sua transversalidade com outras políticas de inclusão no ensino superior, visto que, construir mecanismos para o acesso é parte importante, mas não suficiente à garantia do direito à educação superior para a classe trabalhadora.