Desenvolvimento de um serviço de atendimento farmacêutico para pacientes transplantados renais

Abstract

Os serviços farmacêuticos constituem parte dos serviços de saúde que podem auxiliar no aumento da efetividade e segurança dos tratamentos, em especial por focar no uso racional e seguro dos medicamentos. O cuidado farmacêutico atua na prevenção e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia por meio de serviços destinados ao paciente, família e comunidade com objetivo de garantir o uso racional de medicamentos, a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Esta tese tem como objetivo apresentar o processo de implantação do serviço de atendimento farmacêutico na rotina da unidade ambulatorial na Unidade de Transplante Renal do Hospital Universitário de Brasília – HUB, bem como apresentar o perfil dos pacientes e de uso de medicamentos imunossupressores. A metodologia deste trabalho divide-se em: estruturação do serviço e proposição de indicadores, processo de implantação do atendimento farmacêutico e caracterização dos pacientes. Os pacientes transplantados renais foram atendidos pelo serviço clínico provido por farmacêutico que se baseia em cinco componentes principais: avaliação do acesso aos medicamentos; da automedicação; da adesão; das crenças acerca do tratamento farmacológico; e do aprazamento dos medicamentos à rotina do paciente, necessidades identificadas anteriormente. Para a estruturação do serviço foram definidos os processos de trabalho com base nas necessidades identificadas por estudo diagnóstico e acordado com a equipe de saúde. Nesta etapa também foram desenvolvidos e adotados instrumentos para a consulta farmacêutica (tabelas de monitoramento, tabela de aprazamento, BMQ e BAASIS®), desenvolvidos materiais de apoio e definidos indicadores de estrutura, processo e resultados. A partir da estruturação do serviço, realizado de forma presencial e por teleatendimento, vimos que os pacientes atendidos possuíam medicamentos prescritos cujo acesso seria via Sistema Único de Saúde (85%); quanto a automedicação, 45,7% dos pacientes afirmam praticá-la, sendo observado principalmente o uso de medicamentos isentos de prescrição, destacando-se a dipirona e o paracetamol; quanto a adesão 71,2% dos pacientes são aderentes, e daqueles não aderentes, problemas com o atraso superior a 2 horas foram os mais frequentes. Pouco mais da metade dos pacientes (52,3%) compreendiam as necessidades da farmacoterapia imunossupressora ao mesmo tempo que possuíam poucas preocupações. Observou-se que a maior preocupação dos pacientes era com os efeitos a longo prazo. Quanto ao aprazamento, observou-se como maiores problemas o uso de imunossupressores com alimentos, da prednisona longe das refeições e o não respeito do intervalo entre doses. Ao se avaliar a complexidade dos tratamentos, observou-se em especial que os pacientes diabéticos em uso de insulinas apresentam as maiores complexidades. O menor grau de escolaridade esteve associado significativamente a adesão ao tratamento; enquanto o maior número de medicamentos e ter feito diálise associou-se com as crenças. Por meio do serviço de atendimento farmacêutico desenvolvido foi possível identificar e intervir sobre problemas relacionados ao uso de medicamentos na população atendida e desenvolver estratégias de cuidado juntamente com a equipe de saúde, uma vez que podem promover o uso racional de medicamentos.