Do destino ao desatino : uma trilha edipiana e as heranças simbólicas

Abstract

Este trabalho foi desenvolvido como consequência da experiência psicanalítica. É nesse sentido que articulamos a essa pesquisa o fragmento de caso clínico de uma mulher que, em determinado momento de sua vida, se viu impelida a responder sobre a maternidade e, então, foi atravessada pela ameaça de enlouquecer. Ela acreditava que a loucura das mulheres de sua família fora desencadeada pela maternidade, algo que insistia como uma repetição transgeracional. Iniciamos o desenvolvimento deste trabalho apresentando um panorama das trilhas seguidas por Sigmund Freud e Jacques Lacan em suas elaborações a respeito do Édipo na teoria psicanalítica. Além disso, abordamos o caráter trágico presente na constituição subjetiva e nos destinos que se colocam aos sujeitos oriundos da passagem pelo trânsito edipiano. Este trabalho, porém, não visa esgotar o assunto, acima de tudo procura relançar o debate e renovar a importância do Édipo na psicanálise. O fragmento de caso clínico serviu-nos para nortear o que seria da ordem da transmissão das posições subjetivas das mulheres de uma família, e as questões que se colocaram pareceram-nos um convite a revisitar o complexo de Édipo. Ao final, abordamos uma questão acerca da transmissão de significantes: o que pode um sujeito, entre o destino e o desatino, fazer com as heranças recebidas?