Fronteiras urbanas no Brasil : configuração e indicadores de qualidade de vida

Abstract

A análise do espaço intraurbano requer um olhar sistêmico que seja capaz de identificar e relacionar os processos sociais, econômicos e ambientais que conformam as cidades. Analisar este contexto se torna um desafio metodológico, uma vez que a cidade é tema de debate que aborda matrizes teóricas com diferentes enfoques. Compreender as transformações da configuração urbana relacionada às estruturas socioeconômicas não é tarefa fácil, por isso, a proposta deste trabalho tem como objetivo analisar as estruturas intraurbanas das cidades médias (intermediárias) e relacioná-las com os indicadores de qualidade de vida. A pesquisa tem caráter exploratório e comparativo e investiga aspectos configuracionais em busca de padrões espaciais, semelhanças e/ou diferenças perceptíveis dessas estruturas, tendo por base premissas da Teoria da Lógica Social do Espaço. Para tanto, são pautadas três questões de pesquisa: 1) como o desempenho da configuração do espaço intraurbano das cidades médias interfere nos padrões de qualidade de vida; 2) como se comportam as cidades médias em termos de configuração (topologia e geometria); e 3) como os padrões encontrados indicam a existência de uma tipologia particular desses centros urbanos no país. A amostra é composta pelos seguintes núcleos urbanos: Campina Grande – PB, Campo dos Goytacazes – RJ, Caxias do Sul – RS, Feira de Santana – BA, Joinville – SC, Juiz de Fora – MG, Londrina – PR, Maringá – PR, Montes Claros – MG, São José do Rio Preto – SP, Sorocaba – SP e Uberlândia – MG. Os resultados obtidos apontam que a complexidade da problemática urbana nesses centros foi validada pelos achados que permitiram concluir sobre a existência de um tipo de cidade intermediária, por meio de padrões análogos, tanto em relação à forma-espaço, quanto aos níveis dos indicadores de qualidade de vida intraurbana. As cidades intermediárias vivenciam uma gradativa transformação das relações socioespaciais, entretanto são detentoras de desempenhos satisfatórios em relação aos indicadores de qualidade de vida intraurbana, ainda que experimentem impactos gerados pelo processo de urbanização, com o consequente reflexo na forma das cidades. Por essa razão, entender a realidade das cidades médias a partir do desempenho da configuração espacial e relacioná-las aos indicadores de qualidade de vida contribui para a compreensão do fenômeno urbano, além de revelar o comportamento socioespacial com vistas à gestão e ao planejamento do espaço urbano.