A vez do leitor : literatura de massa e(ntre) novas práticas de leitura

Abstract

Em 2011, a Revista Veja publicou uma reportagem especial onde afirmava que uma geração de leitores havia descoberto o prazer de ler com livros da chamada literatura de massa, como os títulos da série Harry Potter. Mais: a matéria afirmava que por meio desses livros o leitor poderia se interessar pelos textos clássicos da literatura. Seria isso possível? Essa discussão não é recente e já colocou diversos acadêmicos em cantos opostos do ringue: de um lado, aqueles que defendem a literatura de entretenimento, do outro, aqueles que acreditam que há algo mais no texto literário e não abrem mão dos clássicos. E qual o papel que outras narrativas da indústria do entretenimento, como o cinema, a TV e os jogos eletrônicos, têm no desenvolvimento do hábito da leitura? Para a realização deste trabalho, além da indispensável parte teórica, foram realizadas entrevistas com professores e alunos do ensino médio do Distrito Federal, tanto da rede pública quanto da rede privada. Antes da quarentena imposta pela pandemia de Covid19, iniciada em março de 2020, duas instituições de ensino privadas (colégios Sigma e Objetivo) e uma da rede pública (Centro de Ensino Médio Paulo Freire) foram contatadas e convidadas a participar das entrevistas, contudo apenas a Escola Paulo Freire sinalizou positivamente (as demais alegaram falta de tempo disponível no cronograma escolar para liberação de alunos e professores). Assim, o escopo de entrevistados foi reduzido a quatro estudantes (sendo três da rede pública e um da rede privada) e três educadores (todos da rede pública). Como resultado dessas entrevistas, tanto de alunos como de professores, comprovou-se a relevância ainda atual dos títulos da literatura de massa como prática de leitura, inclusive entre aqueles alunos que afirmam não gostar de ler. No caso deles, inclusive, outras narrativas da indústria de entretenimento foram destacadas como forma inicial de acesso aos livros. A pesquisa também deixou clara a importância da mediação (seja da escola, de familiares ou amigos) como forma de desenvolvimento do hábito de leitura. Sem ela, um leitor, iniciante ou não, encontra dificuldades em partir para uma nova leitura ao final da anterior.