Brasília : espaço, patrimônio e narrativas nas obras de João Almino

Abstract

A cidade pelo viés literário expressa as práticas sociais e se abre a um campo de estudos, como representação, simulação e significados. A pesquisa compreende a análise do espaço ficcional e de suas representações sociais na Brasília do escritor João Almino, em duas de suas obras: As Cinco Estações do Amor (2001) e a Cidade Livre (2010). A proposta se pauta na pluralidade de conhecimentos presentes nos discursos e nas narrativas, por meio do entrecruzamento de olhares entre Literatura e Arquitetura e Urbanismo. Brasília é cidade de princípios modernistas, símbolo da nação, patrimônio mundial que encerra muitas histórias, imagens e significados. Todavia, de difícil apreensão dos traços culturais pela complexidade da origem e da formação social, desde a sua inauguração. Trabalha-se com a hipótese de que a narrativa desse escritor sobre a vivência humana no espaço ficcional, revela memórias, que traduzem dilemas e nos dão elementos para compreendermos a constituição e a especificidade do meio social brasiliense, considerando que seu espaço narrativo é repleto de simbologia. Para essa pretensão, a investigação do espaço ficcional, das narrativas, das memórias, das experiências passadas e atuais, tem nos estudos literários e urbanísticos os seus fundamentos. A análise dos romances baseia-se na metodologia separada em unidades dos três momentos de leituras: de compreensão, de interpretação e de aplicação, segundo a Mudança de Horizonte da Leitura, e como possibilidade de uma fusão sincrônica entre obra e leitor. Objetiva-se apreender na cidade em textos os seus sentidos, as suas marcas sociais que possam decifrar a compreensão deste espaço construído.