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Título: Diversidade e conservação da flora em uma fronteira agrícola no Cerrado do Brasil
Autor(es): Santana, Jéssica Cauana de Oliveira
Orientador(es): Simon, Marcelo Fragomeni
Assunto: Áreas protegidas
Perda de habitats
Endemismo
Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)
Reserva Legal
Data de publicação: 8-Dez-2021
Referência: SANTANA, Jéssica Cauana de Oliveira. Diversidade e conservação da flora em uma fronteira agrícola no Cerrado do Brasil. 2021. 183 f., il. Tese (Doutorado em Botânica) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Resumo: As mudanças no uso e na cobertura do solo, devido às atividades agrícolas, estão entre as principais causas da perda da biodiversidade mundial. A tendência é que essas ameaças continuem crescendo, pois, a demanda por commodities agrícolas aumenta a cada ano, promovendo a conversão dos remanescentes naturais em áreas cultivadas. Esse cenário é particularmente preocupante nas regiões tropicais, que abrigam a maior diversidade biológica do mundo. Nesses locais, a exemplo do Brasil, as taxas de supressão vegetal são elevadas, com prováveis riscos de extinção de espécies. O Cerrado foi o bioma brasileiro que mais sofreu com a perda de vegetação natural, nos últimos anos, atingindo taxas maiores do que na Amazônia. Embora os efeitos da supressão vegetal sejam bem conhecidos, a dimensão de suas consequências, em níveis regional e local, ainda é incipiente. Portanto, este estudo buscou avaliar a diversidade e a conservação da flora na fronteira agrícola no Brasil denominada Matopiba. A região do Matopiba está localizada nos maiores remanescentes do Cerrado e compreende, parcialmente, os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A fim de conhecer a flora do Matopiba (capítulo I) realizamos a primeira compilação de angiospermas com grande abrangência da região (49.868 registros). Identificamos que praticamente metade da região apresenta lacunas de informação botânica, com uma média de 0,14 registros/km2 necessitando, portanto, de maior esforço amostral a fim de fornecer melhores dados sobre a composição e distribuição das espécies, principalmente daquelas raras, endêmicas e ameaçadas, consideradas de alto valor para conservação. O checklist do Matopiba apresentou 3.959 espécies, distribuídas em 988 gêneros e 152 famílias, sendo 27 novas espécies descritas nos últimos cinco anos. Foram encontradas 59 espécies endêmicas e 49 ameaçadas, das quais, 23% e 40%, respectivamente, estão protegidas por Unidades de Conservação (UCs), respectivamente. A criação de Áreas Protegidas (APs) é uma das estratégias globais de conservação mais recomendada para evitar a conversão de habitats naturais. No entanto, há um grande debate sobre a boa efetividade dessas áreas no combate à perda de cobertura vegetal e conservação das espécies. No capítulo II avaliamos o desempenho das APs do Matopiba nas funções de contenção do avanço da supressão vegetal e preservação de remanescentes de vegetação nativa. Utilizamos mapas de uso e cobertura do solo para os anos 2008 e 2018, disponibilizados pelo projeto MapBiomas e os reclassificamos em quatro classes principais: cobertura vegetal natural remanescente, área utilizada para agropecuária (ambas nos anos de 2008 e 2018), quantidade de vegetação perdida ao longo de dez anos (2008 - 2018) e outras (áreas descobertas, mineração, malhas viárias, áreas urbanas, corpos d’água etc.). Para avaliar a perda de vegetação natural em APs consideramos nesse estudo as Unidades de Conservação (UCs), nas categorias de Proteção Integral (PI) e Uso Sustentável (US), e as Reservas Legais (RLs) contidas em propriedades privadas. No caso das UCs, comparamos as taxas de supressão vegetal entre os seguintes grupos: grau de restrição (PI ou US) e órgão gestor (Presente ou Ausente). A maioria das UCs apresentou influência positiva na manutenção dos habitats naturais. Porém, encontramos maiores taxas de perda de vegetação nativa em áreas de US (6%), enquanto foram praticamente nulas em unidades com uso mais restritivo (PI). As taxas de supressão vegetal dentro das RLs (2%) foram baixas, sendo menores do que nas UCs de uso sustentável. Provavelmente, um dos maiores desafios do Matopiba, em termos de conservação, será a proteção e manutenção da biodiversidade evitando o risco de extinção das espécies, especialmente as raras, endêmicas e ameaçadas. No capítulo III realizamos a avaliação do risco de extinção das espécies endêmicas do Matopiba (identificadas no capítulo I), baseada nos critérios geográficos da IUCN. Essa avaliação foi complementada por estimativas de perda de habitat na área de ocorrência dessas espécies (conforme calculado no capítulo II). Os resultados revelaram que 64% das plantas endêmicas do Matopiba estão ameaçadas (38 espécies), sendo 12 espécies classificadas como Criticamente em perigo (CR), 23 Em perigo (EN) e três na categoria Vulnerável (VU). Além das espécies ameaçadas, 21 espécies, que apresentaram apenas uma coleta ou uma localidade, foram categorizadas como Deficientes de dados (DD). A maioria das espécies ameaçadas do Matopiba ocorre no Tocantins, em seguida na Bahia, Maranhão e Piauí. Esta é a primeira avaliação do status de conservação para a maioria das espécies de angiospermas endêmicas do Matopiba. Com este trabalho esperamos promover o reconhecimento e conservação da flora do Cerrado em uma região de acelerada expansão agrícola. As informações compiladas nesse estudo irão preencher importantes lacunas de conhecimento e apoiar futurosestudos e o planejamento de conservação.
Abstract: Changes in land use and land cover due to agricultural activities, are among the main causes of biodiversityloss in the world. There is a trend that these threats will continue to grow because the demand for agriculturalcommodities increases every year, promoting the conversion of natural remnants into cultivated areas. This scenario is particularly worrying in tropical regions, which are home to the world's greatest biological diversity. In these places, like Brazil, deforestation rates are high, and risks of extinction of species are likely. The Cerrado is one of the Brazilian biomes that has suffered most from deforestation in recent years, reaching higher rates than the Amazon. Although the effects of deforestation are well known, the dimension of its consequences, at regional and local levels, is still incipient. Therefore, this study sought to evaluate the diversity and conservation of the Cerrado flora in an agricultural frontier in Brazil, called Matopiba. The Matopiba region is located in the largest remnants of the Cerrado and partially comprises the states of Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia. In order to get to know the flora of Matopiba (chapter I), we carried out the first compilation of angiosperms in the region based on a large dataset (49,868 records) and identified that practically half of its territory presents gaps in botanical information. The region presents an average of 0.14 records/km2 requiring greater sampling effort to provide better data on species composition and distribution, especially of those rare, endemic and threatened, which are considered of high conservation value. The Matopiba checklist has 3,959 species, distributed in 988 genera and 152 families, including 27 new species described over the last five years. Fifty-nine endemic species and 49 threatened species were found. Of these, 23% and 40% are protected by UCs, respectively. Global strategies to avoid anthropogenic conversion of natural habitat rely heavily on Protected Areas (PAs). However, there is a great debate about the effectiveness of these areas in combating loss of vegetation and conserving species. In chapter II, we evaluate the performance of the PAs in the Matopiba region in their function of containing the advance of deforestation and preserving remnants of native vegetation. We used land use maps for 2008 and 2018 generated by the MapBiomas project. We reclassified these maps into four main classes: remaining natural vegetation cover, area used for agriculture and cattle ranching (both in 2008 and 2018), vegetation loss (2008 - 2018), and others (bare soil, mining, road networks, urban areas, water courses). To measure vegetation loss within protected areas (PA), we considered in this study the Conservation Units (UCs) in the categories of Full Protection (PI) and Sustainable Use (US) as well as Legal Reserves (RLs) located in private areas. For the UCs, we compared rates of vegetation loss in different groups: degree of restriction (IP or US) and management (Present or Absent). Most UCs had a positive influence on the maintenance of natural habitats. Rates of vegetation loss were higher in areas of US (6%), but practically zero in units with more restrictive use (PI). Deforestation rates within RLs (2%) were positively surprising, being lower than in sustainable use UCs. Probably one of the greatest challenges of Matopiba, in conservation terms, will be the protection and maintenance of biodiversity, avoiding the risk of extinction of species, especially rare, endemic, and threatened ones. In chapter III we evaluated the risk of extinction of the endemic species of Matopiba identified in chapter I, based on the geographic criteria of the IUCN. This evaluation was complemented with estimates of rates of habitat loss within species occurrence areas, as obtained in chapter II. The results revealed that 64% of the endemic plants of the Matopiba are threatened (38 species), 12 of which are Critically Endangered (CR), 23 Endangered (EN) and three in the Vulnerable (VU) category. In addition to the threatened species, 21 species, which had only one collection record, were categorized as Data Deficient (DD). Most of the threatened species in the Matopiba occur in Tocantins, followed by Bahia, Maranhão and Piauí. This is the first conservation assessment for most angiosperm species endemic to the Matopiba. We hope this work will promote the recognition and conservation of the Cerrado flora in a region of accelerated expansion of agriculture. The information compiled in this study will fill important gaps in knowledge, since the data generated can be usedfor future studies and conservation planning.
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Biológicas (IB)
Departamento de Botânica (IB BOT)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Programa de Pós-Graduação em Botânica, 2021.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Botânica
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Agência financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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