Avaliação do ruído ocupacional e vibração de corpo inteiro em motoristas de caminhão betoneira

Abstract

Trabalhadores lotados como motoristas de caminhões betoneira, ao descreverem as atividades desenvolvidas, relataram as sensações de dores e incômodos que podem estar relacionadas à exposição aos agentes físicos ruído e vibração. Por meio dos dados obtidos relativos a um questionário de anamnese e ao acompanhamento integral diário dos motoristas em duas usinas de concreto situadas em Brasília - DF, foram estimadas as exposições ao ruído e a vibrações de corpo inteiro (VCI) e verificados parâmetros de exposição, como a influência do volume de carga transportada, diferenças metodológicas aplicadas à estimativa de exposição a VCI, possíveis contribuições com a exposição relacionadas às diferenças regionais entre as usinas, e análise de exposição ao ruído para diferentes períodos de trabalho; além de ter sido realizada uma análise preditiva quanto ao relato dos motoristas sobre a presença de dores ou desconfortos musculoesqueléticos. Conforme os resultados obtidos relativos à exposição a VCI, parte das amostras apresentou valores de exposição diária que excedem aos “Limites de Ação” estabelecidos pelas normas regulamentadoras. Assim, faz-se necessária a adoção de medidas preventivas, como a redução do tempo de exposição e o aumento da frequência de manutenção dos caminhões, conforme sugerido pela norma brasileira vigente. A normativa nacional vigente apresentou valores de exposição mais brandos quando comparados à normativa internacional mais utilizada, devido a suas diferenças metodológicas. Além das medidas preventivas sugeridas pela norma vigente, de acordo com os resultados observados, há uma correlação proporcional entre os valores de exposição a VCI e o parametro IMC dos motoristas, o que sugere a adoção de atividades saudáveis como prevenção às dores musculoesqueléticas relatadas pelos entrevistados. Para a exposição ao agente físico ruído, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas de exposições relacionadas ao turno de trabalho e características regionais entre as usinas. Apesar de não haverem sido registrados valores de exposição diária acima do limite estabelecido pela normativa brasileira, as análises realizadas ressaltam a importância da caracterização das etapas diárias de trabalho para a adoção de medidas preventivas eficientes.