A formação dos sujeitos de direitos a partir das vozes dos estudantes do IFG Águas Lindas no contexto da ocupação dos secundaristas de 2016

Abstract

A pesquisa teve como objetivo analisar o processo de formação de sujeitos de direitos a partir da experiência da ocupação do IFG Águas Lindas no contexto do golpe de 2016. Para tanto, utiliza como recurso metodológico a pesquisa documental, questionários e entrevistas e como método a Teoria Crítica, em especial, aquela oriunda da primeira geração da Escola de Frankfurt que utiliza uma perspectiva dialética dos fenômenos sociais, considerando as condições históricas e materiais de produção da existência. Parte do pressuposto de que o processo formativo dos estudantes do IFG Águas Lindas é influenciado pelos projetos políticos em disputa no contexto do golpe de 2016: democrático-participativo, neoliberal e neoconservador. Cada um deles possui uma concepção de educação em direitos humanos e um respectivo projeto educativo que lhe é peculiar, sendo o projeto democrático participativo pautado numa visão dialética de direitos humanos; o projeto neoliberal, sintonizado com a concepção hegemônica de direitos humanos difundida pela Organização das Nações Unidas, especialmente a partir da Conferência de Viena em 1993; e o projeto neoconservador que, a serviço do neoliberal, se pauta numa concepção reacionária e distorcida dos direitos humanos que se constitui como a sua própria negação. À semiformação em direitos humanos propiciada pelo neoliberalismo e à pseudoformação em direitos humanos difundida pelo neoconservadorismo, o projeto político democrático-participativo responde com a formação em direitos humanos. A partir das vozes dos estudantes do IFG Águas Lindas, foi possível perceber que a ocupação do IFG Águas Lindas refletiu esses projetos políticos em disputa presentes na sociedade, constituindo-se como uma experiência não formal e contra-hegemônica de educação em direitos humanos que contribuiu para a emergência de novas subjetividades, intersubjetividades e institucionalidades, que caracterizam o sujeito de direitos no sentido proposto por Carbonari (2007). Além disso, concluiu que a escola, embora concorra com os demais aparelhos privados de hegemonia presentes na sociedade, ainda é preponderante no processo formativo desses estudantes, especialmente se proporcionar a construção de laços afetivos que propiciem o pertencimento e o diálogo no interior da comunidade escolar.