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Título: O discurso LGBTIfóbico na escola : impactos sobre os corpos LGBTI+ de estudantes de quatro escolas públicas de Ensino Médio de Ceilândia – DF
Autor(es): Café, Leonardo da Cunha Mesquita
Orientador(es): Coroa, Maria Luiza Monteiro Sales
Assunto: LGBT
Ensino Médio
LGBTIfobia
Sexualidade
Referência: CAFÉ, Leonardo da Cunha Mesquita. O discurso LGBTIfóbico na Escola : impactos sobre os corpos LGBTI+ de estudantes de quatro escolas públicas de ensino médio de Ceilândia – DF. 2019. 178 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Resumo: O objetivo da presente dissertação de mestrado é compreender como atuam os diferentes mecanismos de propagação e de manutenção do discurso LGBTIfóbico, situado no ambiente escolar, silenciando as vozes dos/as alunos/as LGBTI+, deslegitimando suas demandas específicas e impactando de diferentes formas seus corpos físicos/políticos. Os dados aqui analisados foram gerados durante o ano de 2018 graças à colaboração dos/as participantes quatro escolas públicas de Ensino Médio localizadas em Ceilândia/DF. Para observar como as relações de poder influenciavam na tomada do discurso LGBTIfóbico, primou-se pela colaboração de participantes em status de poder assimétrico na escola (gestão, docência e discência). Entretanto, os/as principais colaboradores/as da pesquisa foram os/as estudantes LGBTI+ com suas narrativas, pois, a partir de suas vozes, insights sobre a prática social escolar poderiam vir à tona mais facilmente, além de outros aspectos dos processos de representação e de identificação que também seriam ressaltados em seus relatos. Para essa feita, a base teórica e metodológica aqui empregada situa-se na interface transdisciplinar proposta pela Análise de Discurso Crítica (ADC) (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH 1999; FAIRCLOUGH, 2003, MAGALHÃES et al, 2017) em que outras teorias dialogam entre si para que os dados sejam analisados à luz de um campo teórico que melhor se articule. Nessa perspectiva teórica, as práticas sociais são percebidas dentro de uma conjuntura, uma vez que se conectam a outras redes de práticas ligadas à estrutura social e podem, como resultado, fortalecer alianças que mantêm hegemonias, como a do discurso cisheteronormativo arbitrário e compulsório (BUTTLER, 1993; 2017). Assim, por meio do discurso, as questões relacionadas à luta hegemônica e poder (FAIRCLOUGH, 1989; 2016; FOUCAULT, 2014; 2018; VAN DIJK, 2017), às representações simbólicas da realidade (THOMPSON, 2011) e à diversidade sexual na escola (LOURO, 2014; 2016; MOITA LOPES, 2002; 2008) são focos desta dissertação. Após as análises, constatou-se a existência de mecanismos linguísticodiscursivos que servem ao propósito da vigilância e da disciplina dos corpos que subvertem a norma cisheterossexual, os quais podem variar mais ou menos quanto à explicitude ou à veladura. Nesse contexto, percebe-se que os agentes do discurso LGBTIfóbico estão posicionados nas relações de poder assimétricas em ambos eixos hierárquicos (vertical e horizontal) e que os mecanismos discriminatórios se intensificam quando o discurso de ódio é legitimado por figuras de prestígio. Percebe-se, ainda, diferentes impactos sobre esses corpos deslegitimados, como a anulação, o silenciamento, entre outros que, por vezes, se materializam interseccionalmente (AKOTIRENE, 2019). Entretanto, apesar da presença do discurso LGBTIfóbico na escola, estratégias de enfrentamento surgem, especialmente por parte dos/as alunos/as LGBTI+ e de alguns/mas professores/as, configurando-se como um contradiscurso, resultado de um processo de reflexividade crítica, que propõe ações afirmativas e atividades educativas em que a diversidade sexual pode ser desmistificada. Essa situação confirma a importância da agência dos/as professores/as e demais sujeitos da escola e evidencia que, apesar da existência e da manutenção dos discursos hegemônicos, é possível começar uma mudança discursiva no ambiente escolar que engendre um processo de mudança social.
Abstract: This master’s dissertation aims at understanding how the spreading and maintenance mechanisms of the LGBTIphobic discourse, situated at the school environment, silences LGBTI+ students’ voices, delegitimates their specific demands and impacts over their physical/political bodies in different ways. The analyzed data was generated during 2018 thanks to the participants’ collaboration of four public High School units located in Ceilandia/DF. In order to observe how the power relations influenced at the LGBTIphobic discourse taking, it was taken precedence over the collaboration of those participants located in asymmetric power status at school (management, teaching staff and students). Nonetheless, the main research collaborators were the LGBTI+ students with their narratives since, through their voices, insights from the social practice could be accessed more easily. Besides, other aspects of the representational and identificational processes would also be highlighted in their accounts. To do that so, the theoretical and methodological basis used here are situated at the transdisciplinary interface proposed by Critical Discourse Analysis (CDA) (CHOULIARALI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003, MAGALHAES et al, 2017) in which other theories dialogue to each other so that the data can be analyzed by a theoretical field that is better articulated. According to this theoretical perspective, social practices are perceived within a conjecture since they are connected to other practices’ nets which are attached to the social structure and can, as a result, make alliances strong, maintaining hegemonies such as the arbitrary and compulsory cisheteronormative discourse (BUTTLER, 1993; 2017). Thus, by means of the discourse, issues related to the hegemonic struggle and power (FAIRCLOUGH, 1989; 2016; FOUCAULT, 2014; 2018; VAN DICK, 2017), to the symbolic representations of reality (THOMPSON, 2011) and to the sexual diversity at school (LOURO, 2014; 2016; MOITA LOPES, 2002; 2008) are the focuses of this dissertation. After the analysis, it was found the existence of linguistic-discursive mechanisms that serve to the purpose of vigilance and discipline over the bodies that subvert the cisheterossexual pattern, which can vary in explicitly degrees. In this context, it is noted that the LGBTIphobic discourse agents are positioned at asymmetric power relations in both hierarchy axes (vertical and horizontal) and that the discriminatory mechanisms do intensify when the hate discourse is legitimated by some prestigious figure. Yet, different impacts over the delegitimated bodies are perceived, such as annulation, silencing among others which are materialized insterseccionally at times (AKOTIRENE, 2019). Nevertheless, despite of the LGBTIphobic discourse presence at school, confrontation strategies emerge, specially by LGBTI+ students and some of their teachers, which is configured as a counter discourse resulted from the critical reflexivity process that can propose affirmative actions and educational activities to demystify the sexual diversity. This situation confirms the importance of the teachers and other school subjects’ agency and evinces that, even with the existence of hegemonic discourse mechanisms, it is possible to start a discursive change at the school environment which triggers a social change process
Informações adicionais: Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2019.
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