Comunicação e cultura de paz : a Unesco e o agendamento midiático

Abstract

Esta dissertação trata da inter-relação de atores em uma situação de contraagendamento midiático, com vistas ao coagendamento e à comunicação pública. De um lado, uma grande agência das Nações Unidas, a Unesco, que lançou mundialmente o conceito de cultura de paz em 1999 por meio de ações de comunicação e de campanha por assinaturas do Manifesto pela Paz em 2000, o Ano Internacional da Cultura de Paz e não Violência contra as Crianças do Mundo, nos quais a imprensa foi tida como um aliado estratégico. De outro lado, entidades da sociedade civil que atuaram na disseminação do conceito no Brasil e que continuam trabalhando até hoje com cultura de paz, em atividades contínuas durante os últimos 10 anos, e que também tiveram interface com a imprensa. Foram analisados o planejamento de comunicação e da campanha elaborados pela Unesco; os textos jornalísticos que mencionam cultura de paz veiculados nos jornais O Globo, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Correio Braziliense, durante o período de 1999 a 2002; e o uso do conceito por parte de três ONGs que atuavam à época e prosseguem até hoje com cultura de paz: Associação Palas Athena (SP), Viva Rio (RJ) e AfroReggae (RJ). As referências conceituais foram a Teoria do Agendamento sob a perspectiva do contra-agendamento, Teoria da Notícia, discussão de espaço público segundo Habermas e Análise de Conteúdo. Os resultados apresentam elementos para uma comunicação pública de qualidade por meio da imprensa, voltada para o fortalecimento da cidadania e das causas mundiais.