A investigação científica na Ciência da Informação : análise da pesquisa financiada pelo CNPq

Abstract

Analisa a pesquisa financiada pelo CNPq, na área de Ciência da Informação, no período de 1984 a 1993. O objetivo é identificar as características gerais da pesquisa na área. Apresenta dois cenários como subsídio ao conhecimento da pesquisa na Ciência da Informação. No primeiro foi traçado em linhas gerais o surgimento da política científica e seu desenvolvimento no Brasil. No segundo cenário são abordados a origem e desenvolvimento da Ciência da Informação, salientando algumas questões como a identidade da área, sua inserção nas Ciências Sociais, paradigmas e interdisciplinaridade. Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem como base de análise o exame de documentos, no caso, o exame dos relatórios das pesquisas financiadas pelo CNPq na Ciência da Informação. As informações extraídas dos projetos e relatórios das pesquisas financiadas pelo CNPq foram complementadas com dados coletados na CAPES e junto aos pesquisadores/doutores que recebem financiamento do CNPq. O correio eletrônico da Internet é utilizado para envio de questionários a 36 pesquisadores, obtendo-se um percentual de 72% de respostas. É traçado o perfil do pesquisador, identificadas as instituições de pesquisa na área, a natureza da pesquisa, os temas mais pesquisados e as abordagens metodológicas utilizadas pelos pesquisadores financiados em seus trabalhos de investigação científica. Compara os resultados obtidos com estudos similares realizados no exterior como Jarvelin e Vakkari e McCIure e Bishop. São identificados 152 processos de financiamento no CNPq destinados à Ciência da Informação no período de I984 a 1993, sendo que somente 94 caracterizam-se como projetos de investigação científica. Mais da metade das pesquisas financiadas dispersam-se em um universo de 50 instituições diferentes. Verifica-se, além da pequena quantidade de pesquisas realizadas no período, a fragmentação das mesmas em diversos temas. A classe temática mais pesquisada é armazenamento e recuperação da informação, a segunda é busca de informação a terceira abriga pesquisas em atividades de bibliotecas e serviços de informação. O mesmo esquema de classificação foi utilizado para classificar as pesquisas em andamento na década de 90, conforme informação dos pesquisadores, apontando nova tendência da pesquisa. O tipo de pesquisa predominante foi a pesquisa empírica com um percentual de 98% do total de pesquisas. Este resultado supera o total de pesquisas identificadas por Jarvelin e Vakkari que chegou a 50% dos artigos analisados, caracterizados como estudos empíricos. O procedimento metodológico mais comum encontrado na pesquisa empírica foi o levantamento, sendo acentuado o uso de estratégias quantitativas. Verificou-se um avanço no entendimento do que é pesquisa científica na Ciência da Informação, no Brasil. No entanto obstáculos como a pequena quantidade de recursos humanos e o isolamento do pesquisador foram identificados como pontos a serem superados para um maior desempenho da área nas suas atividades de pesquisa.