http://repositorio.unb.br/handle/10482/21028
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2016_FernandaLiraGoes.pdf | 9,8 MB | Adobe PDF | View/Open |
Title: | O banco é branco, o dinheiro é negro : geopolítica brasileira do financiamento do BNDES a Odebrecht em Angola |
Authors: | Goes, Fernanda Lira |
Orientador(es):: | Anjos, Rafael Sanzio Araújo dos |
Assunto:: | Geopolítica - Brasil Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Brasil) Racismo - Brasil Odebrecht |
Issue Date: | 27-Jul-2016 |
Data de defesa:: | 23-May-2016 |
Citation: | GOES, Fernanda Lira. O banco é branco, o dinheiro é negro: geopolítica brasileira do financiamento do BNDES a Odebrecht em Angola. 2016. 116 f., il. Dissertação (Mestrado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016. |
Abstract: | Enquanto vivemos em um país segregado pelo racismo, entendo por premissa ampliar e aprofundar os debates sobre as desigualdades resultantes da discriminação e do preconceito racial. O tema deste trabalho propõe-se a criticar o território do dinheiro, como consequência da intervenção da geopolítica brasileira por meio do estímulo de um banco público às ações da grande empresa com fins de acúmulo de capital. O objetivo pressupõe analisar as relações de poder vinculadas à geopolítica brasileira do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para Odebrecht em Angola. Para tanto, as análises se estabelecem em três escalas. A primeira, cujo método de reflexão está posto em Franz Fanon, por meio da percepção de que sem uma transformação, o sistema de colonização, de dominação, de subordinação permanece por meio de uma substituição de elites que negociam a exploração da natureza, e, portanto, das pessoas, por interesses imputados ao território. Torna-se estratégico estar em posição de liderança na reconstrução de países destruídos por conflitos, como guerras civis, somente naqueles que há benefícios estratégicos, petróleo, gás, minérios. Em Milton Santos, o método considera o território usado, o território do dinheiro, da globalização perversa, como categorias de análise nas quais a experiência de opressão e racismo vividos pelo sujeito é, sim, o problema importante no pensamento da disputa de poder. A segunda, a política externa africanista executou uma reprodução de geopolítica do Brasil para África, especialmente em Angola. Por meio da substituição de uma elite colonizadora por outra dominadora, há uma continuidade da exploração da natureza em benefício de um grupo específico. Se os períodos de afastamento entre Brasil e África fortaleceram o discurso racista referente ao continente, a reaproximação após 2003 reproduziu a política externa tradicionalmente executada por nações colonizadoras vindas do hemisfério Norte. A terceira, sobre o financiamento do BNDES como mecanismo para a internacionalização de empresas brasileiras, proeminentemente nos países do Sul, especialmente em África, apoiada na manutenção de uma política estratégica de fortalecimento de determinados grupos empresariais e na ausência de transparência de informações. O modelo de exploração no Brasil e do Brasil para África é o mesmo usado pelos colonizadores brancos na exploração dos ciclos econômicos e no processo contemporâneo de industrialização. O acúmulo de capital no Brasil em mais de quinhentos anos é realizado pelo trabalho do povo negro, entretanto, o acesso a esse dinheiro negro parte do poder decisório de uma elite branca. No período de 2003 a 2015, a Odebrecht concentrou aportes de crédito do BNDES para obras e serviços em países da América do Sul e África. Angola foi o país que mais acessou o financiamento. Nas minhas considerações finais, aponto que o dinheiro ideológico mantido pelo racismo reproduz a exploração de um povo negro por uma elite branca com uso do dinheiro público em prol de interesses privados. No ensejo da política externa africanista, o país reproduz o lugar de colonizador ao explorar a natureza em África. Assim, quando o BNDES concentra o financiamento na Odebrecht, o Brasil assume a disputa pelo poder em Angola. Recomendo, então, a inclusão do posicionamento de resistência negra na política externa, a ampliação no acesso ao financiamento do BNDES, com o uso de políticas de transparência. |
Abstract: | Living in a country segregated by racism, I understand the importance to enlarge and to deepen debates about inequalities resulted from racial discrimination and prejudice. This work theme intends to criticize territory of money, as result of Brazilian geopolitics intervention thru engaging a public bank financial support in large enterprises actions to capital accumulation. This research objective is to analyze power relationship linked to Brazilian geopolitics due to financial support of BNDES (Brazilian National Bank of Social and Economic Development) to Odebrecht at Angola. Therefore, these analyses are set in three scales. First, the method of reflection is due to Franz Fanon ideas, in accord to his perspective without a transformation, colonization system, domination, subordination, become maintained by elite’s substitution whom negotiate nature and people exploration by interests imputed to the territory. It is strategic to be in leadership position in the reconstruction of countries destroyed by conflict, like civil war. Mainly in those that are available strategic benefits as petroleum, gas, minerals. Based on Milton Santos, the method in case consider territory of uses, territory of money, territory of perverse globalization as categories of analyses in which oppression and racism experiences lived by individuals are important problems in the debate of dispute of power. Second, Africanist foreign policy reproduced Brazil to Africa geopolitics, mainly at Angola. Thru substitution of colonizer elite to another colonized one, there is a continuity of nature exploration in benefit for chosen group of people. If leave of absence period between Brazil and Africa strengthen racist talks referred to the African continent, 2003 approach reproduced traditional foreign policy used to be executed by colonizers nations from North Hemisphere. Third, about BNDES financial support as instrument of Brazilian enterprises internationalization, mainly in Africa, based on maintenance of strategic politics to strengthen some groups of large companies and in the absence of information transparency. The exploration model in Brazil and from Brazil to Africa was the same produced by white colonizers during economic cycles and in contemporary industrialization process. Brazilian capital accumulation during more than five hundred years is due to the work of black people. However, access to this black money comes from the power of a white elite decision. From 2003 to 2015, Odebrecht concentrated BNDES credit contribution for services and construction in South America and Africa countries. Angola was the country that mostly accessed BNDES financial support. My final considerations point that ideological money kept by racism reproduces black people exploration likewise white elite domination by using public money with private interest. Into African foreign policy, Brazil reproduces the colonizer place when explores African nature. Therefore, when BNDES concentrates financial support in Odebrecht, Brazil takes on the dispute for power in Angola. I sincerely recommend the inclusion of black people resistance ideas in foreign policy, the enlargement to access for BNDES financial support, using transparency policies. |
metadata.dc.description.unidade: | Instituto de Ciências Humanas (ICH) Departamento de Geografia (ICH GEA) |
Description: | Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Geografia, 2016. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Geografia |
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DOI: | http://dx.doi.org/10.26512/2016.05.D.21028 |
Appears in Collections: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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