http://repositorio.unb.br/handle/10482/19407
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Title: | As contribuições da filosofia da diferença na era dos alunos com supostos transtornos de aprendizagem |
Authors: | Nascimento, Ana Bárbara da Silva |
Orientador(es):: | Orrú, Sílvia Ester |
Assunto:: | Inclusão escolar Educação especial Distúrbios da aprendizagem Diferença (Filosofia) |
Issue Date: | 1-Feb-2016 |
Data de defesa:: | 10-Dec-2015 |
Citation: | NASCIMENTO, Ana Bárbara da Silva. As contribuições da filosofia da diferença na era dos alunos com supostos transtornos de aprendizagem. 2015. 116 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015. |
Abstract: | A homogeneidade tem sido o ponto de partida geral na Educação quando se trata de entender as diferenças apresentadas pelos estudantes no meio escolar. De fato, a Educação é apenas um exemplo de uma atitude muito mais geral relacionada à noção de homogeneidade e aos conceitos que lhe acompanham de perto, como aquele de normalidade. Procuraremos mostrar que essa tendência a se olhar a diferença a partir da homogeneidade tem sido um empecilho ao problema da inclusão escolar. Este trabalho pretende abordar a questão da Educação tomando por ponto de partida a noção de SINGULARIDADE, entendida como o caso extremo da diferença e irredutível à semelhança, diferindo, assim, da perspectiva usual. Para atingir nossos objetivos, apresentamos, no primeiro capítulo, uma arqueologia conceitual da noção de “dificuldade de aprendizagem e desenvolvimento” para mostrar, primeiramente, como tal noção está profundamente influenciada pelo contexto histórico e social em que se apresenta. Mostramos, de fato, que essa noção sofreu constantes deslizamentos hermenêuticos ao longo da história. Para tanto, apresentamos três abordagens filosóficas distintas, características de épocas diferentes, que conceituam “dificuldade de aprendizagem e desenvolvimento” de formas bem diferentes. Discutimos, então, as origens estruturais e as consequências do paradigma hegemônico da era contemporânea. Baseado na noção de ritmo e eficiência, mostramos, no segundo capítulo, que esse paradigma se mantém conceitual e logicamente sustentado pela ideologia da medicalização. Analisamos, ainda, os pressupostos da própria medicalização, argumentando que muito da sua pretensa objetividade pode estar assentada, de fato, no desenvolvimento da chamada profecia autorrealizadora. Nesse contexto, consideramos especificamente o instrumento da prova diferenciada. Após essa abordagem crítica, passamos a mostrar que o elemento que perpassa todas as noções de normalidade, distúrbio psiquiátrico e dificuldade de aprendizagem, independentemente do momento histórico em que ocorram, é a assumida precedência de uma mesmidade ontológica relativa ao humano, levando à qualificação da diferença quase sempre em termos negativos. Apresentamos, no capítulo três, nossos próprios argumentos em favor de uma ontologia da singularidade (para além da mera diferença). Nesse contexto, emprestamos a noção de MAL-ESTAR, da chamada Filosofia Clínica, como uma contraposição àquelas de doença, síndrome ou transtorno, o que nos permite propor mecanismos para se superar a ideologia medicalizante já criticada. Como forma de caracterizar adequadamente a noção de MAL-ESTAR, apresentamos, no capítulo quatro, uma pesquisa qualitativa com três sujeitos experimentais que apresentam diagnósticos de transtorno de aprendizagem. Com isso, torna-se possível traçar uma zona cinzenta separando eventuais doenças, síndromes ou transtornos daquilo que efetivamente impede o desenvolvimento escolar, que caracterizamos como sendo o MAL-ESTAR. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa foi feita de modo a dar voz a esses sujeitos experimentais, para que suas percepções sobre si possam ser apreendidas sem a lente medicalizante. Os resultados da pesquisa qualitativa sugerem os efeitos já mencionados e criticados em capítulos anteriores, vinculados à ideologia da medicalização. Mostram, ainda, que, para além da existência ou não de um substrato que indique doença, os sujeitos experimentais se fazem perpassar por uma enorme carga de MAL-ESTAR, principalmente relacionado com suas autoimagens. Concluímos, portanto, que a adoção de uma perspectiva que assume a diferença como ontologicamente precedente relativamente ao conceito de uniformidade não é suficiente para instaurar um ponto de partida para a questão da inclusão escolar, uma vez que a diferença, constituída sobre os pilares de abordagens estatísticas, mantém implícito o referencial da homogeneidade. Como forma de elucidar todas essas questões, apresentamos um exemplo que permite compreender o diferencial de nossa abordagem de situações educacionais importantes daquela usual, e como tais situações educacionais importantes podem se beneficiar de tal ontologia da singularidade. |
Abstract: | Homogeneity has been generally considered the adequate point of departure in educational matters. In fact, Education is just an example of a much wider attitude in the whole social tissue of our contemporaneous society. Other concepts like the one of normality are natural companions to homogeneity. We intend to show that this tendency to look at differences from the perspective of homogeneity has been an obstacle for the solution of the problem of having a more inclusive Education. We argue that the assumption of precedence of ontological singularity may be an adequate substitute for the assumption of homogeneity. Thus, this work intends to address the issue of Education taking into account as its starting point the notion of Singularity, as an extreme case of difference and as something irreducible to homogeneity. To attain our objectives, we present, in the first chapter, an archeology of the notion of “learning and development disabilities” to show, firstly, how such a notion is deeply influenced by the historical and social context in which it is immersed. We do that using three philosophical approaches which were characteristic of their times. We show that these approaches understood the notion of “learning and development disabilities” in quite different ways. We then discuss the structural origins and consequences of the hegemonic paradigm on that matter in the realm of contemporaneity. Based upon the notions of rhythm and efficiency, we show, in the second chapter, that this paradigm is logically and conceptually upheld by the ideology of medicalization. We thus analyze the presuppositions of medicalization, arguing that much of its pretense objectivity may be the outcome of the so called self realizing prophecy. In this context, we specifically consider the instrument known as the “differentiated exam”. After these critical developments, we proceed to show that the element that is present in all the presented notions of normality, psychiatric disorder or learning disability, with independence to the historic moment in which they occurred, is the assumption of an ontological precedence of the notion of sameness with respect to Human Beings, making the qualification of difference almost always to occur in negative terms. We present, in chapter three, our own arguments in favor of a Singularity Ontology (beyond mere difference). In this context, we borrow the notion of UNEASINESS from the field of Clinical Philosophy as a contraposition to those of illness or syndrome. This allows us to propose mechanisms that may overcome the ideology of medicalization already mentioned. As a way to adequately characterize the theoretical concept of UNEASINESS, we present, in chapter four, a qualitative research with three experimental subjects presenting diagnostics of learning disorder. This makes it possible to draw a gray zone separating eventual diseases or syndromes from UNEASINESS, which is what makes it harder for someone to develop in educational contexts. In this sense, the qualitative research was made to give voice to these experimental subjects and allow them to express their perceptions about themselves without the lenses of medicalization. The results obtained with the qualitative research suggest the mentioned effects connected to the ideology of medicalization. Furthermore, they show that beyond the effective existence of some disease, the experimental subjects present an enormous sense of Uneasiness. This latter mainly related to their self images. We conclude, thus, that the adoption of a perspective which assumes the mere difference as ontologically precedent to uniformity is not sufficient to uphold a point of departure for inclusion in educational contexts. Indeed, we show that this approach is frequently based upon statistical notions. Because of this, it keeps itself within the sameness referential. We then present a specific example as a means to show how different outcomes an approach based on singularity will deliver, when compared to the usual one, and how important educational situations can benefit from such ONTOLOGY OF SINGULARITY. |
metadata.dc.description.unidade: | Faculdade de Educação (FE) |
Description: | Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2015. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Educação |
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DOI: | http://dx.doi.org/10.26512/2015.12.D.19407 |
Appears in Collections: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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