Análise da relação chuva-escorregamentos em regiões tropicais montanhosas urbanas, caso de estudo Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

A natureza potencialmente desastrosa conferida aos movimentos de massa é ressaltada em ambientes tropicais montanhosos, de forma que, em áreas sujeitas à ocorrência de escorregamentos, a ação da precipitação assume um papel importante na deflagração destes acidentes. A cidade do Rio de Janeiro apresenta atributos físicos que permitem o desenvolvimento de deslizamentos em encostas, sendo que a morfologia acidentada e a ocupação desordenada destas encostas pela população provocam a alteração do meio natural, proporcionando uma maior susceptibilidade aos eventos de escorregamentos durante intensas precipitações. O presente trabalho buscou estudar a relação existente entre os eventos de escorregamentos e a chuva acumulada deflagradora destes acidentes, tomando-se em consideração os fatores de distribuição espacial e temporal, tanto da precipitação quanto dos deslizamentos. Para tanto, utilizaram-se dados de chuvas e de escorregamentos relativos ao período de 1998 a 2002, provenientes da Fundação Geo-Rio, além das informações cartográficas do município do Rio de Janeiro. A metodologia baseou-se na depuração e tratamento das informações por meio de ferramentas computacionais, obtendo-se a definição das áreas de influência de chuvas para cada estação pluviométrica dentro de uma área piloto. Cada registro de acidente selecionado foi vinculado a um determinado posto de registro de precipitação, sendo possível calcular o acumulado de chuva associado a um período de tempo específico utilizados pela Fundação Geo-Rio. Com o uso dos Sistemas de Informação Geográfica, foi possível a incorporação de características do meio físico nas análises. Como resultado, houve o estabelecimento de curvas para os diversos grupos de estações, relacionando probabilidade de ruptura e precipitação acumulada. As diferentes configurações destas representações, em se tratando de forma e do valor previsto para a probabilidade de ruptura, permitem inferir comportamentos distintos perante um determinado acumulado pluviométrico relacionado a certo intervalo de tempo, fato explicado pelas características inerentes a cada região estudada. ________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT

The potentially disastrous nature of mass movements is highlighted in mountainous tropical environments, because of that in areas with occurrence of landslides, the action of rainfall plays an important role in the initiation of these accidents. The city of Rio de Janeiro has physical attributes that allow the development of landslides on slopes. In addition, the morphology of these rugged hills is strongly affected by uncontrolled occupation that causes changes in the natural environment, providing a greater susceptibility to landslide event during intense rainfall. This work aimed to study the relationship between the landslides and the triggered precipitation events, taking into consideration the factors of both spatial and temporal distribution of rainfall and landslides. To this end, data of rainfall and landslides for the period 1998-2002 from Geo-Rio Foundation and the map information of the municipality of Rio de Janeiro were used. The methodology was based on the purification and treatment of information by means of computational tools, resulting in the definition of areas of influence of rainfall for each rainfall station within a pilot area. Each landslide record selected was tied to a particular set of rainfall, variable, in order to calculate the accumulated rainfall associated with a specific time period used by the Geo-Rio Foundation. With the use of Geographic Information Systems, it was possible to incorporate the conditioning characteristics of the terrain to improve the cause-effect analysis. As a result, it was possible to obtain a set of curves that show the relationship between the likelihood of rupture and the triggering rainfall in different areas associated to specific precipitation gauges into the pilot area. Different configurations of these curves allows to infer distinct behavior of the slopes when subjected to a certain cumulative rainfall. This is explained by the inherent physical characteristics of each sub-area into the pilot area studied.