Lugar da Geografia no Novo Ensino Médio : análise sobre o conhecimento geográfico prescrito e materializado

Abstract

A implantação da BNCC promoveu mudanças no Ensino Médio, instituídas pela Lei nº 13.415/2017. Isso implicou em mudanças também na forma que o professor passou a se relacionar com essa etapa de ensino, que foi organizada em áreas de conhecimento, para ensino na mesma perspectiva e de forma interdisciplinar. Nessa organização, a Geografia ficou agrupada em Ciências Humanas e Sociais aplicadas para ensino junto com História, Filosofia e Sociologia. Para investigar como isso ocorreu, levantou-se o seguinte questionamento: Qual o lugar da Geografia no Novo Ensino Médio e quais as implicações dessa proposta para o ensino da disciplina? Visando respondê-lo, elencou-se como objetivo geral: realizar uma análise crítica sobre o Novo Ensino Médio (NEM) a partir da identificação do lugar da Geografia no currículo do estado do Piauí e da atuação dos professores nas escolas públicas estaduais jurisdicionadas à 13ª Gerência Regional de Educação (13ª GRE). E, como objetivos específicos: identificar como o conhecimento geográfico se materializa no currículo do Ensino Médio do estado do Piauí; compreender como e em que medida o currículo orienta a prática dos professores de Geografia das escolas jurisdicionadas à 13ª GRE; e verificar como esses professores percebem e aplicam o conhecimento geográfico na prática. Metodologicamente, utilizou-se abordagem qualitativa de caráter exploratório, levantamento bibliográfico, análise documental em documentos legais (nacionais e estaduais) referentes ao NEM e suas alterações. No empírico, aplicou-se questionário on-line, via Google Forms, a 05 professores, no final do ano letivo de 2022; e, entrevista semiestruturada a 07, no final do ano letivo de 2024. Assim sendo, os resultados revelaram que em 2022 e 2023, o ano letivo era dividido em bimestres; pela FGB haviam 02 aulas de Geografia na 1ª série, 01 na 2ª e 01 na 3ª; podiase abordar conteúdos geográficos pelas eletivas, Nas trilhas do Piauí e Moda na escola, através das Trilhas dos IF. Em 2024, o ano letivo foi dividido em trimestre; na FGB, definiu-se 01 aula de Geografia por série, no Ensino Médio parcial diurno e Integral, e 02 para o Noturno, com a segunda, assíncrona; excluiu-se as Trilhas e as eletivas do IF e institui-se aprofundamento por área de conhecimento, entre eles, Aprofundamento em Ciências Humanas e Sociais aplicadas que trazia possibilidade para aprofundar conhecimentos geográficos. Junto a isso, instituiu-se avaliações externas como obrigatórias na composição de notas para aprovação dos estudantes no ano letivo. Cita-se como exemplo, o ENEM+, que condicionou excessivamente o trabalho do professor de Geografia ao currículo e interferiu em sua autonomia, referente a seleção de conteúdo e formas próprias de avaliação. Nesse intervalo, também se criou e excluiu-se diversas disciplinas, nas quais os professores de Geografia foram lotados para completar a carga horária reduzida da disciplina. Ainda, os profissionais encontraram dificuldades para implementar o ensino como proposto; destaca-se, a dissonância entre formação inicial e proposta de ensino, bem como, entre currículo e materiais didáticos disponíveis. Assim sendo, as mudanças promovidas pela reformulação e implementação do NEM sobrecarregou o professor de Geografia, prejudicou a disciplina, e consequentemente, seu ensino.