Detecção precoce de epidemias de dengue : uma análise de modelos de diagrama de controle no Brasil no ano de 2023

Abstract

Introdução: A dengue pode ser considerada a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, incluindo o Brasil, com um alto impacto para a saúde coletiva. No Brasil, trata-se de uma doença de notificação compulsória, registrada por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que constitui a principal fonte de informação epidemiológica para o estudo da dengue. Com esses dados, é possível avaliar o comportamento da doença desde sua introdução e propagação ao longo dos anos, fornecendo acesso em tempo hábil a dados e informações essenciais para sua vigilância, como a verificação de que os números estão dentro do esperado para determinado território. Nesse aspecto, ferramentas epidemiológicas como o diagrama de controle, segundo as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, tornam-se cruciais para auxiliar na detecção mais precoce do aumento dos casos de dengue. Objetivo: Analisar a aplicabilidade de diferentes modelos de diagrama de controle para identificar o aumento do número de casos de dengue em território brasileiro. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa e avaliativa, com base nos dados de dengue notificados no Brasil no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2022, como série histórica, e no ano de 2023 como período de análise. Após a extração dos dados, diferentes propostas de diagramas de controle foram construídas com o intuito de comparar sua aplicabilidade na detecção de mudanças no número de casos nos diferentes territórios analisados: um primeiro modelo adotou o Método do 3º Quartil e o segundo, baseado no Método de Albuquerque, utilizou a mediana e quartis. Resultados: Até a Semana Epidemiológica 35 de 2023, foram notificados 1.530.940 casos prováveis de dengue no Brasil, sendo a maior incidência no estado do Espírito Santo, com 3.351,7 por 100 mil/habitantes. Dentre os modelos selecionados, o Método do 3º Quartil, que utiliza a mediana, apresentou uma detecção mais precoce indicando uma epidemia nas Semanas Epidemiológicas (SE) 47 até 52, enquanto o Método de Albuquerque indicava uma epidemia nas SE 50 e 52. As análises regionais revelaram epidemias contínuas no Sul e Sudeste e esporádicas no Centro-Oeste. Conclusão: O estudo destaca a importância dos diagramas de controle como ferramentas eficazes na detecção precoce de epidemias de dengue, sugerindo que o Método do 3º Quartil seja mais sensível e forneça uma antecipação apropriada para a resposta.