Pêsames e parabéns : o Rio de Janeiro e o discurso do progresso nas crônicas de jornais cariocas no contextoda mudança da Capital Federal (1958 – 1960)

Abstract

A tese de doutorado apresentada teve como objetivo estudar crônicas publicadas na imprensa carioca entre os anos de 1958-1960, especificamente em quatro jornais (Diário de Notícias, Jornal do Brasil, O Globo e Jornal do Commercio), abordando um total de nove cronistas. Buscou-se pelas representações do Rio de Janeiro durante o período da iminente perda da condição de capital, em razão da construção de Brasília. Entende-se o “discurso do progresso” como aquele através do qual é possível perceber as representações engendradas nessas crônicas no que se refere à comparação, explícita ou implícita, com a nova capital, uma vez que esse discurso está na base do “desenvolvimentismo” do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), no qual Brasília foi gestada. O objetivo principal foi perceber quais são essas representações que circulavam no imaginário social do momento, a partir da forma como as crônicas as trabalham, (re)construindo-as e (res)significando-as. Sendo assim, percebemos também como os cronistas participaram ativamente do debate em torno do destino da cidade do Rio e perceberam essa atmosfera de mudanças, defendendo ou contradizendo com suas narrativas a ideia de progresso ao (re)criar tais representações. Para isso, a fonte é abordada considerando as especificidades do gênero jornalístico-literário, para o que também contribuem os estudos da crítica literária, e o arsenal teórico-metodológico da história cultural, em especial, dos conceitos de representação social, nos termos de Roger Chartier (1991), e imaginário social, na perspectiva de Bronislaw Baczko (1985). A pesquisa mostra como as crônicas constroem visões complexas sobre a cidade e reorganizam o imaginário social sob os diferentes aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais inseridos no cotidiano. Dessa maneira, contribuem para a consolidação de uma imagem dialética do Rio de Janeiro, ora como cidade gloriosa da síntese nacional, ora como cidade decadente de um projeto vencido.