Educação física escolar e jogo de trilha griô : cartografando uma possibilidade de prática pedagógica afrocentrada com estudantes do ensino médio

Abstract

O caminho histórico da Educação Física escolar/EFE no Brasil percorreu por ideologias higienistas, eugenistas, tecnicistas e militaristas, absorvendo os interesses de uma sociedade influenciada pelo pensamento europeu sobre o corpo e o movimento. Esse movimento eurocentrado proporciona uma ausência de discussão das relações étnicoraciais na EFE, especialmente em relação às culturas negra e indígena. No processo de autoatualização de minha prática pedagógica, identifico a invisibilidade das questões étnico-raciais na minha ação de forma intencionalizada e politicamente engajada com a Lei 10.369/2003 e, concomitante, a revelação da necessidade de efetivar e afirmar uma prática pedagógica afrocentrada, sendo uma professora negra. Encontro no processo de autoatualização de minha prática o Ipeartes, a Pedagogia Griô - o Jogo de Trilha de Griô - e a Educação Física Cultural que me afetaram, encantaram e potencializaram o desejo de reterritorializar minha prática pedagógica para uma perspectiva afrocentrada. Sendo assim, essa pesquisa tem como objetivo identificar os efeitos do Jogo de Trilha Griô na afirmação e efetivação de uma prática pedagógica afrocentrada na Educação Física no Ensino Médio. O Jogo de Trilha Griô - num cruzo com Currículo Cultural – foi construído com estudantes do Ensino Médio do Educandário Humberto de Campos/EHC, escola na zona rural no município de Alto Paraíso de Goiás. O método de pesquisa adotado foi a cartografia, um método de pesquisa-intervenção. Cartografar é acompanhar processos, traçar linhas e fazer conexões que se encontram, constroem e reinventam. Cartografar é trilhar sobre encontros. Na cartografia é possível percorrer por diferentes ferramentas metodológicas e foi utilizada como instrumento de produção de dados o diário de campo. No movimento de transfluir, confluir e transfluir, a pesquisa revelou seus múltiplos sentidos possíveis ficando a certeza do caminho a trilhar no processo de letramento racial, a necessidade de ações pedagógicas que reorganize a representação da Educação Física escolar, a potência do Jogo de Trilha Griô em movimentar os valores civilizatórios afrodescendentes e o comprometimento com a criação de espaços pedagógicos que promovam diálogo aberto, afetivo e afrocentrado.