Um olhar para as paredes : a cultura das exposições de arte escolar nas itinerâncias entre o Distrito Federal e o Noroeste Mineiro

Abstract

A presente pesquisa esteve inserida no campo da Educação em Artes Visuais, compreendendo as exposições de arte escolar como objeto de estudo. Em vista de uma perspectiva exploratória, junto à etnografia e à pesquisa-ação, buscou-se investigar duas realidades de ensino em períodos dos anos de 2023 e 2024. Desse modo, ao considerar as especificidades dos anos iniciais do Ensino Fundamental I de uma escola pública do Distrito Federal e também de uma escola privada do município de Unaí, no Noroeste Mineiro, objetivou-se perseguir o rastro das exposições escolares, de modo a identificar e investigar suas formas de organização no interior da cultura da escola. Nessa perspectiva, as exposições de arte escolar foram estudadas ao observar conceitos que permeiam a Arte Infantil, mobilizando os aspectos históricos da produção artística da criança em vista da sua relação com o ambiente escolar. No fluxo desses apontamentos, considerou-se a compreensão dessas práticas e narrativas a partir do conceito de Pedagogias Culturais, buscando apontar possibilidades e diálogos junto ao pensamento criativo e crítico freireano. Semelhantemente, enquanto meio pedagógico, a prática de apresentação dos trabalhos escolares foi tensionada numa relação com as Exposições Universais do século XIX as quais incidem sobre as ações educativas e nos métodos do trabalho docente. Assim, ao olhar para o reflexo das mudanças sociais e industriais na sociedade brasileira, principalmente a partir das primeiras décadas do século XX, pôde-se compreender o modo como o trabalho artístico desenvolvido por crianças foi sendo concebido. Sob a luz de uma política de afirmação das artes e, na preocupação em fortalecer a identidade nacional, verificou-se que a organização dessas exposições foram uma importante estratégia didática, transitando ora pelas evidências das inovações dos métodos do ensino no desenho, ora pela livre expressão do pensamento modernista e ora pela mobilização de uma nova organização para a educação em arte. Ao olhar para a escola do século XXI, a pergunta de pesquisa se firmou diante dos modos de desenvolvimento e organização dessas mostras e como elas fortalecem (ou não) a autoria dos/as estudantes e de suas respectivas comunidades. Os dados produzidos pela pesquisa de campo apontaram para processos significativos de aprendizagem no âmbito das culturas locais, as quais se relacionaram com o desenvolvimento das práticas expositivas. Buscou-se, por conseguinte, apontar reflexões para uma nova leitura das mostras de arte escolar inseridas especificamente nas dependências da escola, no sentido de considerar o protagonismo da criança na cena social, pedagógica e artística contemporânea.