Cerrado e saúde da mulher : estudo do uso de plantas medicinais como elemento de promoção do autocuidado feminino e construção de ferramentas didáticas para usuárias

Abstract

As mulheres constituem a maioria da população brasileira e são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo imprescindível melhorar a assistência à saúde para esta população, evidenciando o autocuidado. O bioma Cerrado possui uma ampla biodiversidade, abrigando plantas que são empregadas como tratamentos para diversas doenças. Ao notar a relação histórica das mulheres com as plantas medicinais e a necessidade de valorização dos povos e biodiversidade do Cerrado, esse estudo visa reconhecer as principais espécies vegetais presentes no bioma indicadas para fins medicinais na Saúde da Mulher, além de construir dispositivos didáticos que incentivem seu uso seguro e eficaz na autogestão em saúde feminina. Para o estudo, foram coletados estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos para identificar as espécies de plantas medicinais abrangentes no bioma Cerrado citadas no uso para condições de saúde femininas. Atendendo a critérios de inclusão e exclusão, de 118 artigos, foram selecionados 15 artigos publicados de 2014 a 2023 para revisão integrativa. As espécies medicinais mais citadas para tratamento e promoção do bem-estar feminino foram o barbatimão (Stryphnodendron adstringens), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e algodão-docampo (Cochlospermum regium). Espécies pertencentes às famílias botânicas Fabaceae e Asteraceae foram as mais recorrentes. As mulheres foram apontadas como as principais detentoras de conhecimento e engajamento no que concerne ao uso de plantas medicinais, destacando-se em idosas e moradoras de comunidades rurais. Tais achados culminaram na construção de dois dispositivos educativos: website e cartilha informativa (e-book) de livre acesso direcionados a mulheres usuárias de plantas medicinais. A disponibilização de material educativo direcionado e embasado em estudos científicos incentiva a perpetuação de saberes e tradições com refinamento do cuidado em saúde, incentivando o uso seguro e racional de plantas medicinais. Conclui-se que ainda há a necessidade de maior valorização cultural dos povos e bioma Cerrado, sendo necessário o refino de estudos que incentivem à propagação dos saberes tradicionais do uso medicinal das espécies nativas de forma segura e eficaz.