Sistema de monitoramento : uma estratégia de controle da Doença Renal, qualidade de vida e sedentarismo em diabéticos e hipertensos na Atenção Primária à Saúde

Abstract

Introdução: Doenças crônicas não transmissíveis (DCnT), como a diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) coexistem e contribuem para o comprometimento renal. Nesse contexto, o monitoramento destes usuários ganha relevância por subsidiar a implementação de medidas precoces de identificação de fatores de risco para o dano renal por meio da dosagem de creatinina sérica (sCr), controle dos parâmetros hemodinâmicos e de oxigenação e uso controlado de medicações nefrotóxicas. Objetivo: Avaliar a eficácia de duas estratégias de monitoramento, usual e de acompanhamento intensificado, para delineamento do perfil evolutivo clínico e laboratorial com ênfase na avaliação da função renal, qualidade de vida e sedentarismo de usuários hipertensos e diabéticos na atenção primária à saúde. Método: Um estudo quasi-experimental de série temporal, natureza quantitativa, desenvolveu-se em uma unidade básica de saúde (UBS) da região oeste de Brasília, Distrito Federal, Brasil. A amostra foi constituída de 85 usuários de saúde, 45 no grupo controle e 40 no grupo experimental. Para a coleta de dados, aplicou-se um formulário de caracterização sociodemográfica, Internacional Physical Activity Questionnaire (IPAQ) e a Escala de Qualidade de Vida (WHOQOL-BREF). O programa de monitoramento com estratégias intensificadas foi considerado como intervenção e, como controle, o programa tradicional/usual de estratégias, adotado no Sistema Único de Saúde (SUS) Na análise descritiva das variáveis, calculou-se as frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e dispersão. Aplicou-se os testes Mann-Whitney, Qui-Quadrado e Exato de Fisher para análise estatística. Valores de p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: O sexo feminino predominou (70,59%) e o exercício de atividades do lar foi a ocupação mais declarada (28,84%). A maioria dos usuários era casada (63,80%), de raça parda (64,54%) e possuíam o ensino fundamental incompleto (41,67%). No que se refere aos hábitos, do total de usuários prevaleceu aqueles que declararam nunca ter fumado (51,58%) ou ingerido álcool (60,63%). Entre a consulta 1 e a consulta 3, percebeu-se tendência à redução do peso médio em ambos os grupos, experimental (70,99kg - 69,66 kg) e controle (70,32kg - 68,80 kg). Ao traçar a curva evolutiva da função renal, identificou-se tendência à recuperação da função renal nos usuários do grupo experimental da 1ª para 3ª consulta, a exemplo: sCr (0,82 – 0,79 mg/dL) e da taxa de filtração glomerular (99,1 - 102,0). Essa última mostrou diferença significativa entre grupos (p=0,008). Do total de usuários do grupo controle, 26,09% evoluíram com disfunção renal, diferentemente o grupo experimental não mostrou comprometimento da função renal (p=0,001). A qualidade de vida melhorou da 1ª para 3ª consulta no grupo experimental (50% - 64%). Pacientes com disfunção renal mostraram prejuízo do domínio psicológico (p=0,013). Além disso, o sedentarismo não influenciou a ocorrência de disfunção renal. Conclusão: Os achados deste estudo evidenciaram que o programa de monitoramento trimestral intensificado, implementado para usuários hipertensos e diabéticos na atenção primária à saúde (APS) contribuiu de forma mais expressiva para o controle dos fatores de risco modificáveis e prevenção do comprometimento renal em relação ao grupo que participou do programa de monitoramento tradicional/usual.