Corporeidade e sensibilização ecológica : uma pesquisa vivencial com crianças e adolescentes

Abstract

A Educação Ambiental (EA) é uma concepção político-pedagógica necessária no tempo presente caracterizado por uma forte crise ambiental e, acima de tudo, por uma crise de valores. Ela foi problematizada na perspectiva da Ecologia Humana (EH) em interação com a Psicologia Ambiental (PA). O presente trabalho defende a coexistência de todas as formas de vida e a interdependência das dimensões individual, social e ambiental, destacando a corporeidade como um aspecto basilar para a formação de um ser humano ecológico. Neste sentido, vislumbramos que a experiência corporal possa colaborar para a reconexão do ser humano com a natureza. Esta pesquisa teve por objetivo desenvolver um projeto de intervenção transdisciplinar, baseado em experiências corporais, para promover a sensibilização ecológica de crianças e adolescentes de uma escola da rede municipal de Educação da cidade de AnápolisGO, por meio da conectividade com a natureza e dos valores ecológicos. Foi realizado um survey diagnóstico com os estudantes de duas turmas de quarto ano e de duas turmas do quinto ano do ensino fundamental que tinham entre 10 e 13 anos de idade (N = 103), constituindo uma amostra de 48,5% do sexo masculino e de 51,5% do feminino, com média de idade de 10,5 anos (σ = 0,81). O survey foi composto por um questionário de variáveis sociodemográficas e de perguntas abertas e por duas escalas: Conectividade com a natureza (INS) e Valores para Préadolescentes (EVP). Inicialmente, os resultados apontaram que os estudantes da turma 5° ano II obtiveram menor média dos valores de autotranscendência entre as turmas (4,07), sendo selecionada para participar das intervenções pedagógicas na segunda etapa da pesquisa. Para promover a sensibilização ecológica foram realizadas oficinas corporais em parques públicos e em espaço arborizado da escola investigada. Participaram 20 estudantes da etapa interventiva. Os principais resultados sugerem que as oficinas colaboraram, em relação aos educandos, para: possíveis aprendizados para zelar em grupo da natureza; comportamentos de cuidado e de defesa pela natureza; sensações e sentimentos positivos sentidos ao estarem em ambientes naturais, tais como paz, tranquilidade, felicidade e liberdade. Em acréscimo, os resultados ressaltaram a necessidade do fortalecimento das experiências corporais em ambientes naturais, com um aumento do número de ações, para favorecer os processos sensibilizadores, uma vez que os valores e a conectividade com a natureza são estruturas cognitivas profundas que requerem maior impacto para uma mudança substancial.