Caracterização dos aspectos miofuncionais orofaciais de indivíduos com síndromes genéticas

Abstract

Introdução: O trabalho multidisciplinar e o avanço na saúde têm despertado cada vez mais o interesse da Fonoaudiologia e da Genética, à medida que evoluem como ciências complementares, não só para melhor compreensão da comunicação humana e seus distúrbios, mas também para melhor caracterização e elaboração de programas específicos para portadores de síndromes genéticas. É papel do fonoaudiólogo, como membro da equipe multidisciplinar, é caracterizar as manifestações que envolvem a linguagem, a fala, a audição e a voz, bem como as funções do sistema estomatognático (SE). Objetivo: Caracterizar os aspectos miofuncionais orofaciais de indivíduos com síndromes genéticas por meio de análise da avaliação clínica de pacientes encaminhados para a equipe de fonoaudiologia de hospitais do Distrito Federal. Métodos: Trata-se de um estudo transversal e descritivo. Foram avaliados 38 pacientes, ambos os sexos, com idades entre três meses e treze anos, por meio do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido, Protocolo de Avaliação Clínica da Disfagia Pediátrica e Protocolo de Avaliação de Risco para Disfagia, a fim de se caracterizar os aspectos miofuncionais orofaciais de forma aplicada. Resultados e Discussão: foi observada a presença de alteração em maior incidência nos aspectos miofuncionais orofaciais relacionados aos lábios, língua, relação mandíbula/maxila, palato duro e bochechas; a mobilidade das estruturas em relação ao movimento de lateralização; alterações de deglutição e respiração em graus variados, a mastigação foi a função que apresentou menos aspectos inadequados. As alterações identificadas neste estudo, acrescentam informações à base científica já existente, indicam que o sistema miofuncional orofacial de indivíduos com síndromes genéticas encontra-se alterado em relação às estruturas, mobilidades e funções, com comprometimentos variáveis, e que não impedem sua alimentação por via oral na grande maioria dos casos. Conclusão: as estruturas orofaciais apresentaram inadequações posturais de relevância em bochechas, língua, lábios, palato duro e relação mandíbula/maxila. Sendo caracterizados por aspectos de aumento ou diminuição da tonicidade desses órgãos. A mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas indicou que os movimentos de lateralização cursam com alteração em todas as estruturas avaliadas em maior grau de incidência. Sendo a mandíbula a estrutura que mais apresentou problemas de mobilidade, em contrapartida foi o que menos apresentou alterações de aparência e postura. Foram identificadas alterações de deglutição em graus variados em parcela da amostra, a disfagia orofaríngea leve foi a de maior frequência, sendo essa a funcionalidade que demonstrou mais características de inadequações. A respiração evidenciou a incidência de alterações para o seu desempenho, apresentando aspectos de respiração oronasal leve e moderada. Na mastigação, os aspectos de padrão mastigatório foi a alteração mais recorrente, sendo essa função a que menos apresentou aspectos de alterações.