Produtos alimentícios vegetais e extrato padronizado e validado com potencial larvicida em Aedes aegypti

Abstract

O mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão de dengue, Zika, chikungunya, febre amarela urbana e outras arboviroses, causando significativo impacto na saúde pública e na economia mundial. O controle vetorial é recomendado pela Organização Mundial da Saúde como a medida mais eficiente para a redução dos casos. As matrizes alimentícias são uma alternativa promissora, pois o amplo consumo humano reduz possíveis toxicidades, além de estarem disponíveis no mercado. Esse trabalho tem por objetivo testar diferentes extratos produzidos a partir de matrizes alimentícias em larvas e pupas de Aedes aegypti, otimizar a produção do extrato etanólico dos frutos de Piper nigrum (pimenta do reino) e validar uma metodologia analítica para a quantificação de piperina, seu componente majoritário. Foram produzidos 70 extratos brutos, que foram testados quanto a atividade larvicida e pupicida em Aedes aegypti. Desses, 19 foram considerados ativos, sendo P. nigrum a matriz escolhida para continuação do trabalho. Para isso foi utilizado planejamento tipo Box-Behnken para as extrações com equipamento de extração acelerada por solvente. Para a validação foi utilizado cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodo, e foram executadas as figuras de mérito, seletividade, linearidade, limites operacionais de detecção e quantificação, estudo prévio de estabilidade, precisão, recuperação e exatidão, efeito matriz e robustez. O método foi considerado seletivo, separando o pico majoritário e mais 12 picos minoritários ao longo de um perfil cromatográfico com o tempo de análise em 21 minutos. A linearidade aos níveis de teor e de impurezas apresentaram dados estatísticos aceitáveis com faixas lineares de 11,5 a 263,6 μg/mL para teor e 1,5 a 48,5 μg/mL para impurezas. Os limites operacionais de detecção e quantificação do padrão de piperina foram de 0,54 e 1,54 μg/mL. Em 72 h, durante o estudo de estabilidade, observaram-se quedas dos teores de piperina isolada (18,94%) e de piperina no extrato (5,97%). O desvio padrão relativo máximo foi de 6,06% considerando todos os picos em estudo no parâmetro de precisão. A exatidão do método foi dada pelo estudo de recuperação o qual oscilou entre 88,09 a 107,36%. O efeito matriz apresentou o paralelismo entre as curvas de forma adequada e para a robustez o fluxo da fase móvel do método cromatográfico nunca deverá ser alterado. Foi determinado CL50 do extrato etanólico padronizado dos frutos de P. nigrum (1,1 μg/mL) e do padrão de piperina (19,0 μg/mL) em larvas L3 de Ae. aegypti. Além disso foi determinado atividade residual de 9 dias para o extrato a 4 μg/mL e para piperina a 60 μg/mL realizando quantificação simultânea de piperina para ambas as amostras. Sendo assim, o extrato etanólico de P. nigrum apresentou-se como alternativa para controle de Ae. aegypti com atividade laboratorial comprovada e metodologia validada, que pode ser utilizada em futuros produtos inseticidas.