Significado geotectônico do alto de embasamento de Correntina – Bahia

Abstract

A região noroeste do Cráton do São Francisco (CSF) está coberta por rochas sedimentares das Bacias do São Francisco e São Franciscana. A Janela erosiva Correntina-Coribe (BA) e a região de Júlio Borges e Avelino Lopes (PI) expõem o embasamento cristalino a noroeste do CSF, sendo importantes para o estudo geológico. Foi realizado mapeamento geológico, análise de dados isotópicos e geofísicos para compreender as rochas presentes na borda e interior do cráton e estabelecer correlações com os altos do embasamento circunvizinhos nos orogénos Brasília e Rio Preto. Os resultados indicam a presença de núcleos da crosta riaciana com idades de cristalização de 2.15 Ma nas rochas graníticas do Complexo Correntina e unidades do Complexo Júlio Borges. O estudo também visa verificar possíveis evidências de perda de estabilidade cratônica na porção NW do CSF e sua influência na configuração tectônica atual. As análises de Sm-Nd indicam valores juvenis com TDM entre 2,2 e 2,1 Ga, típicos de sistemas de arcos intraoceânicos. Os sienogranitos de Correntina representam a evolução do arco intraoceânico para um arco continental, com retrabalhamento e contaminação em cenário pós-colisional. O conjunto de amostras indica grande proximidade petrogenética, destacando a importância do episódio de crescimento e acresção crustal que culminou no amálgama do embasamento do Paleocontinente São Francisco Congo 2,3 e 1,9 Ga. Os estensos lineamentos identificados nos mapas geofísicos são interpretados como extensão da área de dano do Lineamento Transbrasiliano, que desempenha papel importante na configuração da borda NW do CSF, reativando estruturas já existentes. A análise microestrutural dessas rochas permitiu a identificação de quatro estágios de deformação que operam em diferentes escalas e evidenciam a transição de rochas da série milonítica para rochas da série cataclástica.