Barreiras e potencialidades para educação médica permanente e continuada em saúde mental na atenção primária : uma revisão de escopo

Abstract

O cuidado com a saúde mental na atenção primária é essencial para a inclusão e não institucionalização do paciente, bem como para o desenvolvimento do campo em si. No entanto, a falta de capacitação dos profissionais médicos é um dos principais obstáculos para oferecer esse tipo de atenção. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo analisar as barreiras e facilitadores presentes na literatura científica publicada, em relação à implementação de intervenções educacionais para médicos de atenção primária no atendimento a pacientes de saúde mental. Realizamos uma revisão de escopo seguindo os princípios do Joanna Briggs Institute (JBI). A pergunta central deste estudo foi: "quais são as evidências científicas relacionadas à formação de médicos da atenção primária no cuidado a pacientes com necessidades de saúde mental?" Para respondê-la, buscamos artigos em bases de dados eletrônicas, como PubMed, MEDLINE, Lilacs, SciELO, Embase, Scopus, BDTD e Google Acadêmico, usando as seguintes palavras-chave: "physicians" OR "General Practitioners" AND ("medical education" AND "mental health") AND "Primary Health Care" OR "Primary Health". Essa estratégia de busca, aplicada especificamente a cada uma das sete bases de dados e considerando publicações entre 2012 e 2022, resultou em 4117 artigos, que foram, então, importados para o software Rayyan QCRI. Foram excluídos, além das duplicatas, trabalhos que fossem relatos de casos, editoriais, cartas e resumos de congressos. Usando esse software, dois revisores independentes examinaram os títulos e resumos de 3375 artigos, selecionando 256 para leitura completa. Dessas leituras, apenas 76 artigos respondiam efetivamente à pergunta de pesquisa. Tais estudos utilizaram uma variedade de metodologias, incluindo, principalmente, ensaios clínicos randomizados e entrevistas qualitativas. Os principais achados indicaram intervenções voltadas para melhorar a identificação de adoecimentos psíquicos, apoiar médicos de família e implementar estratégias terapêuticas. A análise da literatura dos últimos onze anos evidenciou a predominância de publicações sobre barreiras sistêmicas, estruturais e profissionais à capacitação dos médicos. Dessas, destacam-se as limitações geográficas, a falta de tempo para treinamento e a motivação dos médicos. Contudo, entre os facilitadores, sobressaíram-se a oferta de capacitação online, os treinamentos voltados para a redução de estigmas e a formação prévia do profissional.