Família subversiva: monoparentalidade masculina adotiva

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo revisar o modelo patriarcal a partir de suas bases discursivas utilizando-se da filosofia e das ciências biomédicas. Para tanto, faço uma digressão ao movimento feminista e adoto como base de escrita Edgar Morin, Paulo Freire e Fernando Rey. No que se refere às reflexões sobre gênero e família, utilizo Judith Butler e Pierre Bourdieu. Aprofundo nas reflexões sobre família, direito, monoparentalidade e adoção para, então, fazer a análise de dados. Sugiro dois métodos para tal: um baseado na análise de conteúdo de Bardin, com a identificação de categorias discursivas que perpassam os participantes como um todo, e outro na escolha de temas que servem como testemunho e que se diferenciam do discurso explicito dos outros participantes. A proposta é explicitar a subjetividade social e a subjetividade individual. Importante ressaltar que a análise está centrada na questão do cuidado como padrão feminino na cultura patriarcal e que está sendo exercido por pais solos adotivos. Pelas entrevistas, foi possível identificar a interação entre o modelo patriarcal e um modelo emergente de “novo pai”. Surgem como questões centrais o desafio entre gerir o cuidado e acolhimento e a necessidade de educar e estabelecer limites; o questionamento da ausência da mãe em espaços sociais e a geração de sofrimento e desconforto; o questionamento social quanto à capacidade do homem de cuidar e seu lugar social enquanto membro do sexo masculino; o fortalecimento dos laços familiares por meio do desejo de se ter um filho, o carinho e amor que emerge desta relação e a admiração quanto às características e aspectos subjetivos dos filhos; a potência positiva para a relação; o reconhecimento das vitórias conquistadas; a escolha do sexo da criança associada a receios de julgamento; a qualidade da relação de paternidade relacionada a família de origem. Como aspectos individualizados de cada participante, surgem temas importantes para reflexão: a questão da multirracialidade constitutiva da família, o desejo de ser pai, que surge apenas a partir da convivência em abrigo; a luta que representa ser diferente; a força da intimidade pela verdade e o respeito; o fato de nem sempre se ter acesso a rede de apoio; o descuido institucional com as crianças e adolescentes; a importância da rede de apoio e a emergência de experiência espiritual no encontro parental.