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Título: Crise do capital e a negação da corporalidade : uma contribuição crítico ontológica para os estudos do corpo na Educação Física
Autor(es): Barros Junior, Bartolomeu Lins de
Orientador(es): Hungaro, Edson Marcelo
Assunto: Corporalidade
Ontologia
Educação física
Data de publicação: 19-Jul-2024
Referência: JUNIOR, Bartolomeu Lins de Barros. Crise do capital e a negação da corporalidade: uma contribuição crítico ontológica para os estudos do corpo na Educação Física. 2023. 313 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Universidade De Brasília, Universidade de Brasília, Brasília, 2023.
Resumo: O ponto de partida à elaboração deste estudo, deu-se pelas condições de corporalidades determinadas pela intensificação da crise estrutural do capital apresentada por István Mészáros. Consideramos o contraste exposto pelas redefinições da sociabilidade do capital, sobre os modos de vida que estão integrados ao mais amplo mercado de bens simbólicos que atravessa o corpo, enquanto há uma intensificação da expropriação da massa marginalizada que busca sobreviver no trabalho precarizado, no contexto de desemprego crônico e em meio ao aumento das desigualdades sociais. Ao entendermos que a educação física é um complexo social que surge e se desenvolve pelas necessidades sociais, historicamente, determinadas pela forma de produção da vida, no capitalismo, uma questão fundamental direcionou a investigação: de que maneira a educação física, como um complexo social, pode satisfazer as necessidades das corporalidades dos que vivem invisíveis, fantasmagorizados, como força de trabalho supérflua? Nesta direção, tivemos como objetivo geral: desenvolver uma crítica ontológica a constituição da corporalidade diante da crise estrutural do capital, como uma contribuição para os estudos do corpo na Educação Física. Tal intenção se justifica, primeiro, pelos escassos estudos verificados, debatendo a categoria trabalho como fundante do ser social – a partir da ontologia de György Lukács, para o campo de estudos da educação física; segundo, por ser a categoria corporalidade um termo rodeado de definições imprecisas neste campo; terceiro, pela hipótese de que ao compreender o corpo pelas tendências que se assentam nas ciências médicas, no militarismo e na esportivização, a Educação Física tem contribuído para a negação da corporalidade plena, cedendo ao projeto do corpo produtivo para o capital, não só pela sua prática pedagógica, mas, por vezes, pelo alinhamento às teorias referenciadas na agenda pós-classista/moderna. Através de pesquisas bibliográfica e documental, como suporte para uma abordagem crítico ontológico materialista, foi possível desenvolver os capítulos, a saber: no primeiro, analisamos a crise estrutural do capital como crise da totalidade social e seus efeitos sobre a corporalidade humana; o segundo, investigamos o alcance da relação teleologia e causalidade para os conceitos de trabalho e corporalidade; seguimos para o terceiro capítulo, identificando que o trabalho comporta uma relação dialética entre teleologia e causalidade, ao ponto dessa atividade vital se constituir como essência humana e definidora da corporalidade; o quarto e último capítulo, buscou explicar como os temas ou formas de atividades, particularmente, corporais, passaram pela tradição das ciências da natureza, serviram-se para a disciplina e controle pelo Estado, esportivizaram-se e receberam uma autocrítica em direção à superação do conservadorismo e da subserviência ao capital. Crítica que se configurou, apenas, como uma “intenção de ruptura” pelo denominado movimento renovador, a qual foi suplantada por uma proposta pós-crítica fundamentada em autores vinculados ao movimento pós-moderno. Após nossas discussões sobre alguns autores que justificam uma sociologia do corpo, a partir de “zonas de rupturas” que pressupõem eliminadas as “antigas legitimidades”, as quais asseguram a estrutura social, trouxemos considerações que expõem que nada mudou nas relações de produção, no trabalho abstrato, na garantia da propriedade privada burguesa e na constituição das corporalidades dos esfomeados, dos miseráveis, dos pobres de todo o mundo que se ampliam, na medida em que a riqueza se concentra ainda mais.
Abstract: The starting point for this study was the conditions of embodiment determined by the intensification of the structural crisis of capital presented by István Mészáros. We consider the contrast between the redefinitions of the sociability of capital, which affect the ways of life integrated into the wider market of symbolic goods that permeate the body, and the intensification of the expropriation of the marginalized masses seeking survival in precarious work, chronic unemployment and amid the increasing social inequalities. Understanding that physical education is a social complex that arises and develops through the social needs historically determined by the mode of production of life in capitalism, a fundamental question directed the investigation: in what ways can physical education, as a social complex, meet the needs of the bodies of those who live invisibly, as surplus labor force? In this direction, our general objective was to develop an ontological critique of the constitution of embodiment in the face of the structural crisis of capital as a contribution to the study of the body in physical education. This intention is justified, firstly, by the scarce studies discussing the category of work as the foundation of social being - based on the ontology of György Lukács - for the field of physical education; secondly, because the category of embodiment is a term surrounded by imprecise definitions in this field; thirdly, due to the hypothesis that, by understanding the body through tendencies based on medical sciences, militarism, and sportification, physical education has contributed to the denial of full embodiment, yielding to the project of the productive body for capital, not only through its pedagogical practice but also, at times, through alignment with theories referenced in the post-classist/modern agenda. Through bibliographic and documentary research, as support for a critical materialist ontological approach, it was possible to develop the chapters as follows: in the first chapter, we analyzed the structural crisis of capital as a crisis of social totality and its effects on human embodiment; in the second chapter, we investigated the scope of the teleology and causality relationship for the concepts of work and embodiment; moving on to the third chapter, we identified that work involves a dialectical relationship between teleology and causality, to the point that this vital activity constitutes human essence and defines embodiment; the fourth and final chapter sought to explain how themes or forms of activities, particularly corporeal ones, passed through the tradition of natural sciences, served for discipline and control by the state, became sportified and received a self-critique toward overcoming conservatism and subservience to capital. This critique was only configured as an "intention of rupture" by the so-called renewal movement, which was supplanted by a post-critical proposal based on authors linked to the postmodern movement. After our discussions on some authors justifying a sociology of the body, based on "zones of rupture" that presuppose the elimination of "old legitimacies" that ensure social structure, we brought considerations that expose that nothing has changed in the relations of production, in abstract labor, in guaranteeing bourgeois private property, and in the constitution of the embodiment of the hungry, the miserable, and the poor around the world who increase as wealth becomes more concentrated.
Unidade Acadêmica: Faculdade de Educação Física (FEF)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, 2023.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação Física
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Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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