Bem-estar e mal-estar no trabalho no contexto do Poder Judiciário brasileiro : uma coabitação em permanente tensão e risco

Abstract

A pesquisa relatada tem o objetivo de caracterizar as fontes estruturantes das representações de bem-estar e mal-estar no trabalho. Para tanto, ela ancora-se na abordagem denominada Ergonomia da Atividade Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho que, além oferecer um subsídio teórico-metodológico, convoca o investigador para uma reflexão ético-política acerca da produção científica. A investigação tipifica-se como quanti-qualitativa, de fonte de dados secundária, advinda de diagnósticos organizacionais realizados em órgãos do Poder Judiciário brasileiro entre os anos de 2010 e 2015. Os dados acessados foram transformados em corpus textuais e submetidos à análise lexicométrica via o software IRaMuTeQ. Posteriormente, os outputs obtidos foram tratados e analisados por meio do teste quiquadrado no software SPSS. Contabilizou-se resposta de 10.773 servidores, em sua maioria pós-graduados, concursados, com tempo de serviço público acima de dez anos. Os resultados classificaram o corpus de bem-estar no trabalho em três núcleos temáticos estruturantes do discurso (NTED), são eles: Bom relacionamento de trabalho, Prazer no trabalho e Relevância social do trabalho. Os NTEDs de mal-estar no trabalho também foram classificados em três eixos: Gestão deficiente, Sobrecarga de trabalho, prazos e cobranças e Condições precárias de trabalho e suporte organizacional insuficiente. Para além do resultado global, verificou-se que os diferentes grupos profissiográficos possuem representações distintas acerca das variáveis investigadas. Por fim, os resultados constataram a relação de coabitação e independência entre BET-MET. Isto posto, discute-se acerca do contexto de trabalho caracterizando-se como fonte de bem-estar e mal-estar no trabalho e sobre o papel do pesquisador enquanto um ator social imbuído nesse cenário.