China and the cinema : soft power, strategic narratives, and relations with the United States

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo explorar a relação entre a crescente influência global da China e o uso de filmes como ferramentas de soft power para disseminar narrativas estratégicas e aprimorar sua imagem internacional. Partindo da premissa de que os formuladores de políticas e estrategistas chineses estão plenamente conscientes da necessidade de fomentar percepções globais positivas, ao mesmo tempo em que mitigam reações negativas ao crescente poder militar e econômico do país, este estudo investiga as três principais estratégias utilizadas pela China para aprimorar sua imagem internacional através do cinema: 1) aproveitar a importância do mercado cinematográfico chinês e a posição da China em Hollywood, o que resulta em um aumento de filmes de Hollywood adaptados ao público e à censura chinesa, uma vez que Hollywood se torna cada vez mais dependente da China, tanto em termos de investimentos em estúdios em Hollywood quanto em receitas de bilheteria; 2) absorver talentos e recursos de Hollywood para criar histórias chinesas, em vez de histórias de Hollywood com elementos chineses superficiais, em um novo modelo de coprodução; e 3) criar superproduções chinesas com alcance global, visando à disseminação direta das narrativas estratégicas da China para audiências internacionais. Adotando uma perspectiva pós-estruturalista que considera as imagens visuais como forças políticas que moldam tanto eventos internacionais quanto nossa compreensão sobre acerca eles, e dedicando especial atenção aos debates entre estudiosos chineses de Relações Internacionais sobre essas questões, esta pesquisa incorpora uma abordagem de método misto. Ao combinar análises quantitativas e qualitativas e conduzir entrevistas semiestruturadas com participantes relevantes nessas dinâmicas, o estudo oferece percepções abrangentes sobre a dinâmica da projeção do soft power e a disseminação de narrativas estratégicas através do cinema. Os resultados desta pesquisa revelam uma exceção notável no caso das relações China-Estados Unidos, onde a crescente proeminência da China resulta tanto em maior disseminação de suas narrativas quanto em maior resistência à sua influência, diminuindo consequentemente a eficácia de seu soft power através do cinema nesse contexto específico. No entanto, além dessa situação particular, emerge das análises um claro padrão: o poder crescente da China está correlacionado a uma capacidade ampliada de moldar narrativas estratégicas em filmes, aumentando assim seu soft power e facilitando a concretização de seus objetivos de política externa. Em última análise, esta dissertação lança luz sobre a interação multifacetada entre o status global em evolução da China, suas iniciativas de soft power no cinema e os impactos diversos na comunidade internacional. Ao obter uma compreensão mais profunda dessas interações complexas, formuladores de políticas e pessoas pesquisadoras podem compreender melhor as amplas implicações das estratégias de soft power da China no cenário global.