Liderança e práticas de gestão de pessoas: as virtudes organizacionais fazem diferença nessa relação? : um estudo em empresas públicas e privadas

Abstract

O atual cenário empresarial, permeado por crises, pandemias, instabilidade e incertezas, tem vivenciado mudanças em processos e estruturas, delineando novas demandas aos trabalhadores. Nesse contexto, as organizações precisam promover ambientes de trabalho saudáveis para que eles consigam desempenhar seus papéis em busca de maior realização profissional e obtenção de melhores resultados nos níveis individual, grupal e organizacional. Pesquisas indicam a relevância estratégica da liderança, das virtudes organizacionais e das práticas de gestão de pessoas neste contexto de novos desafios. Ademais, há uma lacuna na literatura no que tange à realização de estudos envolvendo variáveis do comportamento organizacional, especialmente em estudos comparativos entre empresas públicas e privadas. Assim, o presente estudo, de natureza multimétodo, tem como objetivo precípuo analisar as relações entre liderança, virtudes organizacionais e práticas de gestão de pessoas. Para tanto, a tese é composta, além da introdução (capítulo 1) e conclusões gerais, por cinco capítulos que foram desenvolvidos em formato de artigos científicos interdependentes. Primeiramente, nos capítulos 2, 3 e 4, com abordagem qualitativa, foram elaboradas revisões sistemáticas da literatura internacional, com análises bibliométricas, buscando apresentar um panorama do estado da arte de cada variável da pesquisa, bem como seus principais conceitos, fundamentos, pressupostos, instrumentos de medida e estudos empíricos investigando seus antecedentes e consequentes. O capítulo 5, a partir de uma abordagem quantitativa, consistiu em identificar a percepção dos trabalhadores quanto às variáveis de pesquisa, além de verificar se o fato de a empresa ser pública ou privada influencia essa percepção. Neste estudo, por meio de survey, foram obtidos 362 questionários de servidores de empresas públicas e 409 de colaboradores de empresas privadas e utilizou-se da análise de variância na comparação entre os tipos de empresas, obtendo-se diferenças de percepção significativas entre servidores e colaboradores, em todas as variáveis. O capítulo 6 trata de um estudo também quantitativo, onde foram reunidas 771 respostas. Os testes dos modelos de mensuração das variáveis do estudo foram realizados via análises fatoriais confirmatórias, constatando a validade interna, a validade de construto (convergente, discriminante e nomológica) e a confiabilidade das três medidas. Adicionalmente, o teste do modelo estrutural de mediação das virtudes organizacionais na relação entre liderança e práticas de gestão de pessoas, por meio da modelagem por equações estruturais, também foi validado, apresentando bom ajuste, onde as quatro hipóteses de pesquisa foram confirmadas. Enquanto conclusão geral, os resultados coligidos desvelaram diferenças significativas nas percepções de servidores e colaboradores, quanto à liderança, virtudes e práticas, bem como o importante papel dos líderes no sentido de fortalecer a cultura organizacional, fomentando ações virtuosas, as quais aumentam a percepção das práticas de gestão de pessoas, tornando-as mais positivas. Por fim, como contribuição teórica, a pesquisa avançou ao se debruçar sobre um modelo ainda inexplorado na literatura científica, abrangendo tanto servidores de empresas públicas quanto colaboradores de empresas privadas. Em relação às implicações gerenciais, fornece um diagnóstico aos gestores de empresas públicas e privadas, lançando luz à necessidade de considerar as virtudes organizacionais no planejamento e implementação de políticas e práticas rumo a uma gestão de pessoas mais ética, participativa, estratégica e efetiva.