Perfil clínico e epidemiológico e o desfecho dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca

Abstract

Introdução: Doenças do aparelho circulatório foram importantes causas de mortes no Brasil em 2016, representando dano aos indivíduos e altos custos. As cirurgias cardíacas são um dos tipos de tratamento invasivo para complicações desses agravos. Nessa perspectiva, conhecer as características pré, intra e pós-operatórias dos pacientes submetidos a tais procedimentos contribui para a sistematização da assistência prestada. Objetivo geral: Analisar o perfil clínico e epidemiológico e desfecho dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca em um hospital privado do Distrito Federal. Objetivos específicos: Descrever o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca; descrever as complicações frequentes no período perioperatório de cirurgia cardíaca; identificar a prevalência de lesão renal aguda em pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca; identificar as repercussões das cirurgias cardíacas na clínica do paciente; verificar se há relação entre a função renal e variáveis demográficas, clínicas e cirúrgicas dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Materiais e métodos: Estudo quantitativo, retrospectivo e observacional, com prontuários de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas em um hospital privado. A coleta de dados foi por meio de estudo dos prontuários dos pacientes, seguido de preenchimento do instrumento de pesquisa, composto por aspectos sociodemográficos, dados do período perioperatório, desfecho e escores SAPS III, ASA e EuroSCORE II. Os critérios de inclusão foram: prontuários de pacientes com idade superior a 18 anos submetidos à cirurgia cardíaca entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2018. Os critérios de exclusão foram: prontuários com registro incompleto e aqueles de pacientes com fração de ejeção ventricular menor que 30%. O acompanhamento foi durante oito dias consecutivos após a cirurgia, verificando o desfecho na alta hospitalar. Foi realizada estatística descritiva e análise inferencial. Realizou-se análise multivariada com regressão logística e cálculo do odds ratio. Os resultados foram significativos quando p≤0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília, CAEE 02924118.8.0000.0030. Resultados: Os pacientes foram predominantemente do sexo masculino, com média de idade de 63±11 anos e sobrepeso (27,7±4,9 kg/m2). As cirurgias realizadas foram, principalmente, revascularizações do miocárdio (CRM) isoladas (57; 55,3%) e cirurgias valvares isoladas (29; 28,1%). Comorbidades como diabetes e hipotireoidismo se associaram às CRM, enquanto hipertensão de artéria pulmonar esteve relacionada às cirurgias valvares. As complicações mais frequentes no intraoperatório foram sangramento, alteração glicêmica e fibrilação ventricular. Já no pós-operatório, observou-se dor em sítio cirúrgico, arritmias, congestão pulmonar, acidose, disfagia e dispneia. Pacientes com maior duração de intubação, cirurgia e circulação extracorpórea, submetidos à cirurgia valvar, que desenvolveram Lesão Renal Aguda (LRA) e aqueles com histórico de hipotireoidismo evoluíram significativamente com desfecho de óbito (p≤0,05). A prevalência de LRA foi de 23,3%, majoritariamente no estágio 1. Conclusão: O perfil sociodemográfico e fatores de risco influenciaram a determinação do desfecho. Entre as complicações apresentadas, destaca-se que a LRA no pós-operatório de cirurgias cardíacas está associada a desfechos desfavoráveis, incluindo maior tempo de internação, de cirurgia e mortalidade. Diante do exposto, é reforçado o papel do enfermeiro no cuidado aos pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca.