Conteúdo de reservas em sementes anemocóricas e zoocóricas e sua influência no desenvolvimento inicial de plantas lenhosas do cerrado e de floresta

Abstract

O tamanho e conteúdo de reservas em sementes podem variar em relação às estratégias de dispersão e estabelecimento das espécies. No Cerrado, zoocoria e anemocoria são as síndromes de dispersão de maior ocorrência, porém faltam estudos que verifiquem como os padrões de alocação de reservas de sementes podem ser afetados pelo modo de dispersão. Esse trabalho teve por objetivo analisar as reservas presentes em sementes anemocóricas e zoocóricas e sua influência no desenvolvimento inicial de plantas de espécies arbóreas típicas de savana ou de floresta. Lipídios foi a reserva de carbono e energia predominante de quase todas as espécies anemocóricas. A maioria dos macronutrientes correlacionaram positivamente entre si e com os micronutrientes Cu e B. As concentrações de carbono e lipídios correlacionaram positivamente, enquanto que a correlação entre amido e lipídios foi negativa. A massa das sementes não correlacionou com as concentrações de açúcares solúveis, amido, lipídios, carbono, macro e micronutrientes. Sementes zoocóricas além de possuírem maior massa, apresentaram cotilédones de reserva. Em contraste, as sementes de espécies anemocóricas eram mais ricas em carbono e nutrientes minerais (maiores concentrações de P, Mg, Zn e Cu) e apresentaram cotilédones do tipo foliáceo/fotossintético. Para o conjunto de espécies, foi encontrada uma correlação positiva entre a massa das sementes e a massa seca das plântulas. Espécies com sementes zoocóricas produziram plântulas mais altas, com maiores valores de massa seca, concentrações de carbono e nitrogênio. Espécies de savana e de floresta não diferiram quanto a massa seca das sementes, concentração de carbono e nutrientes minerais, nem em relação à partição de biomassa e N das plântulas. Comparamos também as concentrações de nitrogênio de sementes e plântulas de espécies leguminosas e não- leguminosas. Verificamos que as plântulas de espécies leguminosas tiveram maiores concentrações de nitrogênio que as não-leguminosas, embora as sementes não tenham apresentado diferenças na concentração de nitrogênio. Em síntese, os resultados desse trabalho mostraram que o modo de dispersão e não o ambiente de origem das espécies é que restringe o acúmulo de reservas das sementes e, consequentemente, influenciam o desenvolvimento inicial das plântulas de espécies arbóreas de savana e de floresta do Cerrado do Brasil Central.