Avaliação vocal de pacientes com lesão medular

Abstract

Introdução: O aumento do número de indivíduos com lesões medulares, bem como suas consequentes comorbidades que afetam aspectos físicos e funcionais, motivam a tratar da avaliação fonoaudiológica no presente estudo. Objetivos: Avaliar a força muscular respiratória e a voz, dos pacientes com lesão medular traumática cervical e torácica, comparando os dados com grupo controle. Métodos: Foram avaliados indivíduos com lesão medular nos níveis cervical e torácico, do Hospital de Apoio de Brasília, adultos de ambos os sexos e não lesionados pareados em número, idade e sexo. Foram aferidas as pressões máximas inspiratórias e expiratórias dos indivíduos, a fim de investigar a força muscular respiratória. As vozes foram avaliadas por meio de gravações de vogal “a” sustentada, fala encadeada, fala espontânea e modulação. Foram realizadas análises acústicas e perceptivo-auditiva das gravações. Dois protocolos foram aplicados, sendo o primeiro para avaliar o Índice de Desvantagem Vocal e o segundo para avaliar a Qualidade de Vida dos indivíduos. Resultados: Os indivíduos com lesão na medula espinal, apresentaram força muscular respiratória abaixo do esperado, de acordo com literatura e em comparação ao grupo não lesionado. Na autoavaliação não foi identificado desvantagem vocal por parte dos pacientes. Segundo a análise perceptivo-auditiva, o grupo de pesquisa apresentou desvio vocal de grau moderado, ressonância laringofaríngea e modulação de frequência de moderadamente restrita a muito restrita. Na análise acústica, os parâmetros de índice de perturbação no curto prazo e medida de ruído estão dentro do padrão de normalidade descrito na literatura mas estatisticamente diferentes quando comparados ao grupo controle. Na avaliação da qualidade de vida, observou-se alteração no domínio físico. Conclusão: A população com lesão traumática na medula espinal apresenta força muscular respiratória diminuída, além de comprometimento no suporte respiratório e tempo máximo de fonação reduzido. Alteração vocal em grau de desvio moderado, com tipo de voz predominantemente rugoso e soproso, ressonância laringofaríngea e modulação de frequência moderadamente restrita a muito restrita. Tempo máximo de fonação alterado, com tempo de emissão reduzido, comprometimento no suporte respiratório e indicação de coaptação incorreta das pregas vocais. Aspectos gerais da qualidade de vida adequados e Domínio Físico consideravelmente rebaixado. A atuação do fonoaudiólogo é essencial na equipe multidisciplinar e sua atuação na disfonia importante para qualidade de vida desses indivíduos. Esse trabalho pôde trazer método de avaliação definido e direcionado ao público em questão.