Skip navigation
Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/47215
Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
KarinaDamousDuailibe_TESE.pdf1,21 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir
Título: Opinião pública e surveys servem à democracia? : elementos para uma reflexão
Autor(es): Duailibe, Karina Damous
Orientador(es): Miguel, Luis Felipe
Assunto: Pesquisa eleitoral
Opinião pública - pesquisa
Democracia
Bourdieu, Pierre
Data de publicação: 11-Jan-2024
Referência: DUAILIBE, Karina Damous. Opinião pública e surveys servem à democracia?: elementos para uma reflexão. 2023. 155 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) — Universidade de Brasília, Brasília, 2023.
Resumo: Esta tese é uma reflexão sobre as relações entre surveys e a noção de opinião pública. Privilegia dois aspectos: (1) a reconstituição do momento histórico em que as pesquisas de opinião se tornam centrais na definição de opinião pública; (2) o questionamento acerca das premissas democráticas atribuídas tanto aos surveys quanto à opinião pública. Incorporada à gramática política desde a segunda metade do século XVIII, a noção de opinião pública surge, já nos seus primórdios, vinculada à imprensa e aos princípios do liberalismo político. Apesar da crescente importância que adquire como categoria dos emergentes regimes democráticos, permanece envolta em indeterminação, vagueza, opacidade e polissemia. Com a chegada dos surveys, a perspectiva de mensurar a opinião pública por meio da agregação das opiniões dos indivíduos ganha centralidade, promovendo uma importante inflexão. Saudados como dispositivos de natureza democrática, os surveys passam a ser considerados e amplamente aceitos como equivalentes da opinião pública. São profundas as implicações dessa correspondência para as relações entre os campos da política e da mídia, e para a relação entre governantes e governados. A cobertura eleitoral passa a ser estruturada em torno do uso das pesquisas de intenção de voto, assim como os índices de popularidade dos eleitos tornam-se críticos para o exercício da liderança política. Em torno dessa nova configuração, consolida-se todo um campo de conhecimento da opinião pública – utilizando surveys – para estudar o comportamento político dos indivíduos e a própria democracia. A ênfase da reflexão desenvolvida nesta tese converge, então, para a seguinte questão: a noção de opinião pública como equivalente às pesquisas de opinião representa ganhos para a democracia? Na ausência de uma literatura consolidada de ancoragem crítica, propõe-se uma discussão com os poucos autores que se dedicaram a contestar tanto a equivalência entre surveys e opinião pública quanto os postulados democráticos do instrumento survey e da própria noção. Como conclusão, o argumento é pela fragilidade constitutiva dos pressupostos democráticos de ambos, o que exige um maior escrutínio sobre o uso dos surveys, pela imprensa, como equivalente de opinião pública. Por outro lado, não se trata de argumentar pela irrelevância social dos surveys, especialmente diante da complexidade dos movimentos de opinião gerados no ambiente online e da retórica antipesquisa da extrema-direita. Quanto à opinião pública, o argumento é de que serve mais à democracia se as vozes e os grupos sociais que efetivamente influem na esfera do poder político não perderem sua nitidez, sob a opacidade e as contradições que a noção carrega consigo.
Abstract: This doctoral thesis reflects on the relations between surveys and the notion of public opinion. It highlights two aspects: (1) the reconstitution of the historical moment in which surveys become central in the definition of public opinion; (2) the questioning about the democratic premises attributed to both surveys and public opinion. From the second half of the 18th century on, the notion of public opinion was incorporated into the political vocabulary. From the very beginning, it has been linked to the press and the principles of political liberalism. Despite the growing importance it had acquired as a political category of emerging democratic regimes, it has remained shrouded by indeterminacy, vagueness, opacity and polysemy. When surveys come about, the perspective of measuring public opinion through the aggregation of the opinions of individuals gains centrality, leading to an important change. Praised as democratic devices, surveys came to be considered, and widely accepted, as equivalents of public opinion. The implications of this equivalence are profound for the relations between the fields of politics and the media, and for the relationship between rulers and ruled. Electoral media coverage comes to be structured based on the use of polls, just as the popularity ratings of elected officials becomes critical to the exercise of political leadership. Surrounding this new configuration, a whole field of knowledge of public opinion is consolidated – using surveys – to study the political behavior of individuals and democracy itself. The emphasis of the discussion in this thesis converges, then, to the following question: does the notion of public opinion as equivalent to opinion polls represent gains for democracy? In the absence of a consolidated literature based on a more critical perspective, a discussion is presented with the few authors who dedicated themselves to contesting both the equivalence between surveys and public opinion, as well as the democratic postulates of surveys instrument and the notion itself. In conclusion, the argument is for the constitutive fragility of the democratic assumptions of both, which requires greater scrutiny on the use of surveys by the press as an equivalent of public opinion. On the other hand, it is not a question of arguing for the social irrelevance of surveys, especially given the complexity of opinion movements generated in the online environment, and the anti-research rhetoric from the far-right political spectrum. Regarding public opinion, the point is that it could serve democracy more if the voices and social groups that effectively influence the sphere of political power do not shelter themselves under the opacity and contradictions that the notion of public opinion carries with it.
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciência Política (IPOL)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciência Política, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, 2023.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

Mostrar registro completo do item Visualizar estatísticas



Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.