Quando cidades apagam minorias : o método atlas na leitura das cidades novas de Erechim (RS), Itaipu (PR) e Cidade Ocidental (GO)

Abstract

Seriam as cidades novas capazes de apagarem as minorias populacionais preexistentes em seus territórios? A destituição das terras dos povos autóctones brasileiros, visando ao progresso no processo de colonização, urbanização e desenvolvimento do país, teve forte impacto na configuração da trajetória histórica de populações indígena, quilombola, cabocla, mineira etc. Este artigo tem a finalidade de, por aproximação, apreender três estudos de caso, baseados em reportagens, livros e trabalhos acadêmicos, onde a busca pelo progresso de uma cidade ou região contribuiu para a precarização de vidas, famílias e culturas originárias do Brasil. Faremos tal percurso a partir de um método próprio: o dispositivo-atlas, o qual nos permitiu unir exemplares tão díspares, que mesmo interligados por um elemento comum – serem cidades novas – não despertavam a priori qualquer investida de estudos comparativos. Colocadas em tela, lado a lado, as histórias fundacionais de Erechim (RS, 1918), Itaipu (PR, 1966) e Cidade Ocidental (GO, 1975) revelam os ataquessofridos por povosindígenas e quilombolas, omitidos pelos relatos oficiais.