Isolamento social entre pessoas idosas participantes do Sesc do Distrito Federal em tempo de distanciamento social na pandemia de Covid-19

Abstract

Introdução: A sociedade brasileira passa por uma série de transformações, nas cidades e metrópoles, em relação ao perfil populacional, processos de sociabilidade, configuração social das relações humanas que apresentam uma complexidade de interações e modificações tecnológicas, econômicas, políticas e socioculturais. Nas últimas décadas, com essas mudanças sociais, as pessoas idosas residentes em áreas urbanas passaram a ter menor acesso a presença de membros de suas famílias com disponibilidade para assistência e interação social no cotidiano da vida. O presente trabalho busca responder a seguinte pergunta: “Quais são os principais desafios/dificuldades/obstáculos para a interação social de pessoas idosas, uma vez que o isolamento social de pessoas idosas apresenta o potencial para se tornar um dos maiores problemas de saúde pública da sociedade contemporânea? Objetivo: Analisar a situação de isolamento social de pessoas idosas em tempo de distanciamento social na pandemia de covid-19 no período de abril de 2021 a março de 2022. Método: Trata-se de estudo de abordagem mista, do tipo transversal e de natureza analítica. Os procedimentos metodológicos estão organizados em três etapas: i) Pesquisa bibliográfica do tipo revisão integrativa de literatura. ii) Pesquisa de abordagem quantitativa por intermédio de entrevistas com pessoas idosas com instrumento de dados estruturados contendo dados demográficos, percepção sobre a solidão, isolamento social e aplicação da Escala Brasileira de Solidão e da Escala Breve de Redes Sociais de LUBBEN. iii) Pesquisa de natureza qualitativa com análise do Discurso do Sujeito Coletivo às respostas a questões do tipo sistema aberto. Resultados: A revisão de literatura revelou que os estudos apresentam lacunas na conceituação e descrição teórica de isolamento social ao tratar a temática no período pandêmico de covid-19. O idadismo praticado pelos jovens contra as pessoas idosas foi uma das categorias com maior predominância de Ideia Central (26,94%) no DSC, o que prejudica sua interação social. Por meio das escalas ficou evidente que maioria dos participantes (88%), conforme a escala LSNS-6 não se sente isolado e de acordo com os dados da escala UCLA-BR o sentimento de solidão foi mínimo em 96,9% dos participantes, não havendo registro de solidão intensa. Conclusão: O perfil dos participantes é de pessoas com idade média de 70 anos, com mínima de 60 e máxima de 96 anos, predominantemente feminino, estado civil casado, de cor/raça preta, com escolaridade de ensino médio completo, superior incompleto ou superior completo, de religião católica e renda de 04 a 10 salários mínimos. Conclui-se que as pessoas idosas participantes de atividades do Sesc DF fazem parte de um grupo diferenciado, pois o perfil deles expressa condições socioeconômicas distintas da maioria das pessoas idosas do Brasil que depende do auxílio do Benefício de Prestação Continuada e do recebimento de um salário mínimo como garantia de proteção social. Além disso, o Sesc é uma instituição estratégica para a interação social de pessoas idosas e parece contribuir para a prevenir a solidão e o isolamento social. Entretanto, é preciso cautela, pois é necessário considerar que a análise se trata de um grupo com condições privilegiadas o que tende a contribuir para a menor percepção de isolamento social e solidão.