Biochar de lodo de esgoto e Trichoderma afroharzianum no controle de fungos fitopatogênicos

Abstract

O biochar de lodo esgoto (BLE) é um material que tem ganhado destaque por associar diferentes benefícios ao sistema agrícola, visto seu papel no incremento de nutrientes no solo, redução da disponibilidade de metais pesados, incremento em produção de biomassa e produtividade e, controle de diferentes fitopatógenos habitantes de solo. A possibilidade de controle de fitopatógenos habitantes de solo através do uso do BLE abre oportunidade para incorporação de mais uma ferramenta no manejo desses microrganismos em sistemas produtivos. Visto também, que o uso desse material em combinação com microrganismos benéficos, como o Trichoderma, tem potencializado o efeito de controle de fitopatógenos, como também, estimulado o maior desenvolvimento das plantas. O objetivo neste trabalho foi avaliar a capacidade in vitro do BLE inibir o crescimento de diferentes fitopatógenos, como também, seu efeito em combinação com o T. afroharzianum para controle de Sclerotium rolfsii em tomateiro (Solanum lycopersicum), buscando compreender os diferentes mecanismos envolvidos. Neste trabalho foram realizados quatro experimentos. No primeiro experimento foi avaliado o efeito de diferentes doses de BLE (0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 e 1% m/v) no controle in vitro de Fusarium oxysporum, F. oxysporum f. sp. lycopersici (isolado CEN1456), Macrophomina phaseolina (isolado 429), Sclerotinia sclerotiorum, S. sclerotiorum (isolado CEN1147), Sclerotium rolfsii (isolado CEN216), Sclerotium cepivorum (isolado CEN1357) e Rhizoctonia solani. No segundo experimento, observou-se o efeito do BLE (na concentração de 0,6% m/v) + T. afroharzianum no controle in vitro do S. rolfsii. No terceiro experimento, foi avaliado o efeito da combinação BLE + T. afroharzianum na produção de mudas de tomate, na ausência e presença do fitopatógeno S. rolfsii. No quarto experimento, foi avaliado o efeito do BLE + T. afroharzianum no controle de S. rolfsii em tomateiro, objetivando compreender os possíveis mecânicos envolvidos nesse manejo. O terceiro e quarto experimento foram constituídos pelos seguintes tratamentos: 1) Controle: sem aplicação de BLE ou T. afroharzianum; 2) Aplicação de BLE exclusivo; 3) Aplicação de T. afroharzianum; 4) BLE + T. afroharzianum; 5) controle + inoculação do patógeno; 6) BLE + patógeno; 7) T. afroharzianum + patógeno; 8) BLE + T. afroharzianum + patógeno. Os resultados do primeiro experimento demonstraram que os biochars apresentam efeito inibitório ao crescimento micelial dos diferentes fungos avaliados, com doses específicas para cada microrganismo. No segundo experimento, foi possível observar que a combinação BLE + T. afroharzianum potencializa a inibição do crescimento micelial do S. rolfsii, resultado superior ao uso isolado de cada um. No terceiro experimento, a combinação BLE + T. afroharzianum foi responsável pelo maior desenvolvimento das mudas de tomate, garantindo maior produção de biomassa, tanto de parte aérea como raiz, na ausência ou presença do fitopatógeno. No quarto experimento, foi possível observar que a combinação BLE + T. afroharzianum afetou diferentes parâmetros da relação solo x planta x fitopatógeno, como por exemplo, melhoria da fertilidade do solo, em especial o fósforo (P), maior desenvolvimento e produção de biomassa pelas plantas de tomate, aumento da produção de metabólitos secundários pelas plantas e, maior sobrevivência de plantas inoculadas com o fitopatógeno. Esse experimento demonstrou que a utilização do BLE associado ao T. afroharzianum é uma ferramenta promissora para o manejo do tomateiro, podendo minimizar os danos causados pelo fitopatógeno S. rolfsii.