Brasil e Coréia do Sul : aspectos político-econômicos do relacionamento bilateral

Abstract

0 presente estudo analisa o relacionamento bilateral eBrasil e a Coréia do Sul. Abrange o período compreendido desde o início da Guerra da Coréia (1950—53), guando se iniciaram as relações diplomáticas, até o presente momento (1993), concentrando—se no aspecto econômico desse relacionamento que começou a se aprofundar a partir dos anos 70 e nas perspectivas de manutenção e intensificação desse relacionamento. Inicialmente, a dissertação rememora as relações entre a Coréia do Sul e o conjunto dos países latino—americanos, aplicando um esquema conceituai que consiste na análise dos fatores político—diplomáticos e econômicos de cada região. A análise é feita em função dos diferentes períodos conforme as modificações das políticas externas da Coréia do Sul e pelas mudanças dos cenários regional e internacional. Tentar—se—á descobrir, de modo especial, as razões que levaram os países latino-americanos, sobretudo o Brasil, a demonstrarem atitudes mais dinâmicas e diferenciadas, ao estabelecerem relações diplomáticas iniciais com a Coréia do Sul, apesar da ausência de interesses específicos entre as duas regiões. Em seguida, o estudo aborda o relacionamento bilateral Brasil—Coréia do Sul em termos históricos, aproximadamente a partir da Guerra da Coréia. Este laço também é feito num esquema conceituai da análise dos fatores sócio—culturais, político—estratégicos e econômicos de cada país, e no sentido de que eles intensificaram a aproximação a partir de 1989. Todo este processo da pesquisa é realizado com base na cronologia diplomática entre os dois países e nos acordos bilaterais. A análise das relações econômicas entre os dois países focaliza o padrão comercial, com mais profundidade, a partir do início da década de 70. Chega—se, nesta parte, à conclusão de que o comércio bilateral caracteriza—se por um aspecto de igualdade fundamental — as semelhantes participações percentuais de cada país no total das respectivas pautas de exportações e importações dos dois países — ao lado dos dois aspectos desiguais: o crônico déficit comercial no lado coreano e as relações complementares referentes ao nível de elaboração dos produtos comercializados. Observa—se também que o perfil do intercâmbio comercial entre os dois países reflete claramente o processo de transformação econômica da Coréia e as modificações na política econômica do Brasil. A última parte é de caráter mais especulativo, por tratar das visões estratégicas, principalmente, da parte coreana sobre o Brasil como parceiro econômico. Busca—se, basicamente, toda a motivação histórica que permeia a evolução do relacionamento bilateral Brasil—Coréia do Sul, analisando as duas estratégias da parte coreana: garantia de recursos naturais estratégicos por meio da diversificação máxima de fontes fornecedoras e diversificação de seu mercado exterior com o fim de estabilizar as crescentes exportações dos produtos manufaturados. Observa—se o futuro relacionamento comercial, especialmente o perfil da exportação coreana dos produtos manufaturados para o Brasil a partir dos possíveis acontecimentos em decorrência da constituição do Mercosul, no qual desde já o Brasil pretende buscar uma solução para sua economia futura. Entre as conclusões do trabalho está a de que uma série de incrementos acumulados e consecutivos ao intercâmbio comercial entre os dois países, juntamente com outras diversas transações originadas pelo fluxo migratório para o Brasil, motivou necessariamente os dois países, a partir do final da década de 80, a materializarem uma aproximação político—diplomática no sentido institucional. Por outro lado, a evolução do relacionamento comercial a ser realizada entre os dois países e o seu perfil determinarão, como no decorrer de sua história, o padrão do futuro relacionamento bilateral.