Integridade científica a partir das experiências de jovens pesquisadores : perspectivas e desafios no campo da saúde

Abstract

Introdução: A integridade científica é um requisito primordial para a prática em pesquisa. As investigações científicas, em todas as suas etapas e desdobramentos, devem ser cercadas de cuidados que garantam a veracidade e confiabilidade dos dados produzidos. A discussão sobre integridade deve estar inserida desde o início da formação do pesquisador, de maneira precoce e integrada à sua prática. Objetivo: Identificar de que maneira a integridade científica vem sendo desenvolvida no processo de formação acadêmica dos estudantes da área da saúde e avaliar suas percepções e comportamentos sobre o processo de fazer ciência. Metodologia: O estudo se estruturou em torno de dois delineamentos metodológicos, o primeiro deles uma revisão integrativa da literatura para avaliar a inserção da integridade científica entre alunos de graduação e pós-graduação. E o segundo desenho um estudo exploratório destinado a avaliar o perfil, percepções e comportamentos de pesquisadores de iniciação científica da área de enfermagem e ciências da vida. Resultados: Os resultados estão apresentados no formato de três artigos científicos, cada um destinado a detalhar um objetivo específico. O artigo 1 trata de uma revisão da literatura sobre integridade científica e sua aplicação ao grupo de estudantes de graduação e pós-graduação na área da saúde. A partir de 28 estudos selecionados observou-se que os temas de integridade e má conduta científica já vêm sendo inseridos na formação dos estudantes, com uso de ferramentas pedagógicas variadas. Ganha destaque também o desenvolvimento de diretrizes e políticas sobre integridade pelas instituições e universidades. Os artigos 2 e 3 apontam os resultados de pesquisas realizadas com estudantes de iniciação científica da área de enfermagem e de ciências da vida, respectivamente. Os estudos apontaram que, de maneira geral, os participantes referem familiaridade com boas práticas científicas, mas isso não garante atuação responsável em todas as etapas das pesquisas. O ensino formal, por meio de disciplinas e tópicos ao longo do currículo, ainda predomina no ensino ético do processo de pesquisa, apesar dos espaços complementares, como a prática de pesquisa e os grupos de pesquisa, serem reconhecidos como importantes fontes formativas. Conclusão: A inserção precoce da formação e treinamento ético sobre pesquisa representa um esforço importante já reconhecido e implementado por diferentes países e instituições. Embora diversas iniciativas demonstrem avanço, a discussão desse tema merece ganhar mais corpo e espaço nas universidades brasileiras, para que se garanta a qualidade e a credibilidade dos conhecimentos gerados a partir das pesquisas desenvolvidas.