Integrated Crop-Livestock-Forest systems : a Brazilian alternative for agriculture sustainability

Abstract

A intensificação sustentável da agricultura pode desempenhar um papel central no desafio global de satisfazer a crescente demanda mundial por alimentos e, ao mesmo tempo, conservar e restaurar os ecossistemas naturais. A adoção de sistemas agrícolas sustentáveis no Cerrado e na Amazônia é globalmente relevante, por um lado devido à quantidade de produtos produzidos nestas regiões, e por outro devido aos serviços ecossistêmicos vitais prestados por estes biomas. Uma inovadora tecnologia brasileira, que apresenta características de sistemas agrícolas sustentáveis, são os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e os sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP). Esses são sistemas agrícolas que intensificam o uso dos recursos integrando, na escala da propriedade, a produção agrícola, pecuária e florestal, e, portanto, têm sido considerados uma estratégia promissora para aumentar a sustentabilidade agrícola nas regiões do Cerrado e da Amazônia. No entanto, ainda existem lacunas de pesquisa sobre o potencial econômico, social e ambiental dos sistemas de integração em serem utilizados como uma estratégia eficaz para promover a agricultura sustentável na fronteira agro-florestal brasileira. O principal objetivo desta tese é avaliar as três dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental, em sistemas agrícolas típicos localizados no estado de Mato Grosso, o maior produtor de grãos e de carne bovina do Brasil, um dos estados que apresenta as maiores taxas de desmatamento do país, e que abrange os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, concentrando-se na geração de informação, ao nível da fazenda, para potenciar a adopção de sistemas de integração no Brasil. Inicialmente, apresentamos uma análise econômica e comparamos o desempenho econômico de um sistema de integração lavoura-pecuária com um sistema de lavoura de larga escala (soja/milho) e um sistema de pecuária extensiva (gado de corte) no período de 2005-2012. No capítulo seguinte, utilizamos a síntese emergética para avaliar e comparar o desempenho ambiental de um sistema de integração lavoura-pecuária com um sistema de lavoura de larga escala e um sistema de pecuária extensiva. Essa análise utilizou dados primários e secundários para a safra 2017/18. Indicadores econômicos como receita bruta, custos de produção e rentabilidade foram construídos para complementar as avaliações de sustentabilidade. Finalmente, no capítulo quatro, utilizamos a lógica difusa (fuzzy logic approach) para construir indicadores parciais para as dimensões econômica, ambiental e social de diferentes sistemas agrícolas, que foram sumarizados num índice de sustentabilidade global

considerando dados reais para a safra 2018/2019. Realizamos uma pesquisa semiestruturada em 22 fazendas que foram classificadas considerando os três sistemas de produção agropecuária mais representativos utilizados no Cerrado e na Amazônia: i) lavoura soja/milho, ii) pecuária extensiva, e iii) sistemas de integração (lavoura-pecuária e pecuária-floresta). Nossos resultados demonstraram que os sistemas ILPF são economicamente competitivos, mesmo numa região altamente especializada na produção de grãos em larga escala. A análise de emergia evidenciou as principais contradições do sistema de agricultura em larga escala: os benefícios sociais são menores do que os custos sociais. O sistema de pecuária tradicional mostrou baixa rentabilidade e elevados impactos ambientais negativos, sugerindo que esta atividade depende de políticas públicas específicas para melhorar o seu desempenho. Por outro lado, os sistemas ILPF provaram ser uma alternativa eficiente para aumentar a produtividade da pecuária e, simultaneamente, reduzir as emissões de GEE, bem como reduzir a pressão para a abertura de novas áreas de pastagem. Além disso, os sistemas ILPF demonstraram uma maior eficiência na utilização de insumos e um desempenho equilibrado entre as dimensões econômica, social e ambiental. Estes resultados fornecem sustentação à proposta do Brasil em aprofundar o uso de sistemas de integração como parte dos seus planos de mitigação das mudanças do clima e de desenvolvimento agrícola sustentável, oferecendo informação de qualidade aos formuladores de políticas públicas para apoiar a implementação de políticas para lidar com os impactos ambientais da intensificação agrícola, ao mesmo tempo em que aumentam a produção de alimentos e promovem o desenvolvimento socioeconômico na fronteira agro-florestal brasileira.