Adaptações neurofisiológicas e biomecânicas em idosos após marcha associada à estimulação transcraniana por corrente contínua

Abstract

Introdução: O envelhecimento é acompanhado de redução das capacidades físicas, como a velocidade dos movimentos, a força muscular e a capacidade de manter o equilíbrio. Consequentemente, há um comprometimento na realização das tarefas de vida diária, perda de autonomia, maior incidência de quedas, fraturas e mortalidade. O exercício físico pode atenuar tais desfechos clínicos e a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) demonstra promover aprendizagem motora em diversas populações saudáveis ou acometidas por doenças neurológicas. A excursão do centro de pressão (CP) é uma variável que permite investigar o equilíbrio ortostático, enquanto a neuroplasticidade (um processo envolvido na aprendizagem motora) pode ser avaliada por meio das respostas eletromiográficas (EMG) decorrentes da estimulação elétrica das aferentes Ia dos fusos neuromusculares, seja em repouso (reflexo H) ou durante a contração voluntária máxima

(onda V). Estas respostas permitem inferir sobre a excitabilidade das vias medulares e córtico- espinhais, respectivamente.

Objetivos: Analisar as alterações neurofisiológicas, a força e o equilíbrio de idosos após 5 sessões (2 semanas) de intervenções de caminhada somadas à ETCC. Analisar correlações entre parâmetros de equilíbrio postural ortostático, força e excitabilidade neural. Métodos: A intervenção consistiu em 5 sessões de 20 minutos de caminhada com 8% (≈4°) de declínio recebendo simultaneamente a ETCC anódica. Foram analisadas variáveis eletromiográficas e biomecânicas antes (PRE), imediatamente após (efeitos agudos: POS_agu), e após duas semanas de intervenção (efeitos crônicos: POS_cro). As variáveis investigadas foram: 1) Controle da postura ortostática por meio do valor eficaz (Root Mean Squared - RMS) e velocidade média (VM) do deslocamento do CP; 2) Parâmetros extraídos da curva de recrutamento (CR) do reflexo H; 3) Amplitude da onda V; 4) Taxa de aumento do EMG (TAE) do músculo sóleo (SO); 5) Taxa de desenvolvimento de força (TDF) dos músculos flexores plantares. Resultados: As análises transversais (na condição PRE) mostraram que a VM se correlacionou positivamente com a TAE, principalmente aos 30, 50 e 200 ms, e com a TDF aos 100 e 200 ms (p<0,05). A ativação da via descendente, expressa pela onda Vmax, se correlacionou negativamente com a TAE aos 200 ms. A intervenção foi eficiente em reduzir as oscilações posturais no sentido ântero-posterior com olhos fechados (p<0,05). Os resultados sugerem que força e ativação muscular estão associadas ao rápido reajuste postural, e que a manutenção do equilíbrio pode ser aprimorada com apenas 5 sessões de intervenção de caminhada associada à ETCC. Conclusão: O controle do equilíbrio associado à ação muscular possui correlação positiva com a ativação voluntária (TAE) e produção de força rápida (TDF) em idosos. Cinco sessões de marcha em declínio associadas à ETCC anódica melhoram o equilíbrio de idosos, mesmo sem alteração nos parâmetros neurofisiológicos analisados. Clínicos podem considerar o uso desta intervenção na promoção de equilíbrio e qualidade de vida da população idosa, uma vez que a intervenção é simples

de ser realizada, o equipamento possui baixo custo e o esforço físico foi considerado fácil. Palavras-chave: Eletromiografia; Equilíbrio; Posturografia; Envelhecimento; Reabilitação.