Lake Sediments in Paleohydroclimate Studies : From Continental to Local Scale

Abstract

Mudanças no balanço global de energia têm efeitos nos fluxos de umidade, com impactos nos regimes de precipitação. Durante o Holoceno (últimos ~ 12.000 anos), a forçante orbital alterou a insolação no topo da atmosfera, influenciando a sazonalidade e as temperaturas globais. Os sistemas de monções são um componente muito importante da precipitação tropical e respondem ao aquecimento diferencial dos continentes e oceanos ao longo do ano. No continente americano, o Sistema de Monção Norte Americano (SMNA) e o Sistema de Monção Sul Americano (SMSA) podem ser interpretados como dois eixos de um mesmo ciclo, e sua combinação caracteriza o Sistema de Monção Americano (SMA). No Brasil Central, o SMSA gera chuvas intensas durante o verão austral, mas mudanças no clima global podem impactar em sua posição e magnitude. Os sedimentos de lago constituem um importante arquivo para reconstruir flutuações de longo prazo nas condições ambientais, principalmente mudanças nos regimes de precipitação. No presente estudo, sedimentos de lagos foram usados para entender como o SMA variou durante o Holoceno. Uma compilação de estudos paleoclimáticos e paleoambientais em sedimentos lacustres mostrou que a escolha e o uso de cada proxy requerem uma avaliação prévia, considerando todo o contexto ambiental e os prós e contras associados a cada proxy. Foi possível identificar que é importante estudar o maior número de proxies possível (abordagem multiproxy) para uma visão mais ampla de seu contexto do que poderia ser adquirido de um único proxy, e que datações precisas são essenciais em estudos paleoclimáticos. Um modelo de idade confiável com idades calibradas também é essencial, pois o grau de sucesso em discernir padrões de mudança climática e ambiental depende do nível de correlação dos paleorregistros, que está relacionado à qualidade do modelo de idade. Uma compilação de estudos paleoclimáticos e paleoambientais baseados em sedimentos lacustres na região de influência do SMA mostra que o SMNA foi enfraquencendo e o SMSA foi ganhando força ao longo do Holoceno, tendo essas mudanças ocorrido pelo aumento de insolação no Hemisfério Sul, com consequente diminuição de insolação no Hemisfério Norte e deslocamento da Zona de Convergência Intertropical para sul. Uma reanálise dos sedimentos da Lagoa Feia no Brasil Central mostrou variabilidade climática durante o Holoceno, com uma alternância entre os períodos mais secos e mais úmidos. Um período relativamente mais úmido na Lagoa Feia foi identificado durante o Holoceno Médio seco, por volta de 5000 anos. Esses resultados promovem um melhor entendimento de como as monções americanas têm variado nos últimos 12.000 anos, com consequências no Brasil Central.