O cuidado paliativo baseado no conforto

Abstract

O cuidado paliativo a pacientes com doenças graves e irreversíveis com risco a vida tornou-se uma necessidade, em virtude da transição demográfica e epidemiológica que vivemos. O cuidado, portanto, através da sistematização da assistência e identificação dos diagnósticos mais desconfortáveis é prioritário. Objetivo: Analisar os diagnósticos de enfermagem e o seus clusters ao conforto/desconforto e sobrevivência de pacientes com câncer em fim de vida. Método: Estudo analítico, observacional, prospectivo de 66 indivíduos com câncer em cuidados de fim de vida. Coletaram-se os dados de fevereiro e novembro de 2018, com avaliações mensais, a partir de consultas de enfermagem. Durante a consulta, foram realizadas entrevista, exame físico e

aplicação de escalas já validadas, com a finalidade de identificar necessidades físicas, psico- espirituais, sociais e ambientais, conforme proposto pela teoria do conforto de Katharine Kolcaba

e identificação dos diagnósticos de enfermagem da Taxonomia da NANDA-I, através do raciocínio diagnóstico proposto por Helland/Risner. Para análise, utilizou-se teste não paramétrico de Mann-Whitney e o Qui-quadrado de Pearson para avaliação da associação do escore de conforto (variável dependente) em função da variável independente diagnóstico de enfermagem, considerando significativo p < 0,05. Além disso, foi possível criar cluster diagnósticos e relacioná-los ao conforto e também a sobrevivência utilizando técnica amplamente utilizada na estimação de S (t) e o Estimador de Kaplan-Meier e regressão logística e linear do conforto total e seus domínios com variáveis que possam explicar a resposta conforto, para além do diagnóstico de enfermagem. Finalmente, feito uma análise descritiva e de associação do acompanhamento a partir do teste não paramétrico de Wilcoxon pareado. Resultados: Em 66 participantes, evidenciou maior prevalência de mulheres, adultos jovens e com baixa escolaridade. A partir do raciocínio diagnóstico, com base na teoria do conforto foram arrolados 957 diagnósticos, sendo identificados 67 rótulos diagnósticos diferentes, onde observou-se associação com o menor conforto para os diagnósticos de enfermagem: Dor crônica (p=0,001), Mobilidade física prejudicada (p=0,001), Déficit no autocuidado (para alimentação, banho, higiene íntima e vestir-se) (p=0,001), Tristeza crônica (p=0,012) e Processos familiares disfuncionais (p=0,017). Emergiram do estudo três agrupamentos principais. O mais prevalente relacionado a distúrbios gastrintestinais e do sono, o mais desconfortável relacionado a funcionalidade e percepção da doença (p=0,041) e o com maior repercussão na sobrevivência, o agrupamento neuropsicológico e de cansaço (p=0,014). Além do diagnóstico de enfermagem,

o conforto sofre influência do tempo de cuidados paliativos e manejo de sintomas. No domínio social, acresce a variável estado civil (p=0,031) e no domínio psicoespiritual a presença de um cuidador (p=0,040). Conclusão: Diante dos resultados, os diagnósticos com maior prevalência em pacientes com câncer no final de vida foram Dor crônica, Tristeza crônica, Mobilidade física prejudicada e Déficit no autocuidado. No agrupamento, também foi possível identificar a repercussão do Cluster funcionalidade e percepção da doença no conforto, já o cluster neuropsicológico e de cansaço se relacionou à sobrevida. Quanto ao acompanhamento, observou-se melhora da dor, tristeza e cansaço.