Exposição humana ao mercúrio associada aos hábitos alimentares de comunidades no alto Rio Madeira

Abstract

A problemática das elevadas concentrações de mercúrio em diversos compartimentos ambientais na região Amazônica tem sido objeto de inúmeros estudos desde o final da década de 1980. Pesquisas apontam para concentrações elevadas de mercúrio em peixes e, como consequência, também elevado teor de metilmercúrio em amostras de cabelo de populações em que têm o consumo do peixe como predominância. Populações amazônicas parecem sofrer variâncias em suas dietas alimentares, a partir da interrelação com a dinâmica de proximidade com o rio, importando conhecer o impacto à exposição humana ao Hg. Assim, este estudo tem como objetivo analisar a exposição humana ao mercúrio associada aos hábitos alimentares das comunidades de Nova Mutum-Paraná e de Fortaleza de Abunã, localizadas no alto rio Madeira – Rondônia. Foi aplicado questionário sociodemográfico e Inquérito Alimentar Recordatório (07 dias). A determinação de mercúrio total (HgT) em amostras de cabelo foi feita a partir da técnica de análise direta de mercúrio SMS 100/ Perking Elmer. Os dados foram analisados por estatística multivariada na obtenção de ordenação, classificação, correspondência e discriminação de variáveis e fatores ambientais. A pesquisa utilizou a base de informações do estudo de saúde humana e estudo ambiental do Programa de Monitoramento Hidrobiogeoquímico do Mercúrio da Usina Hidrelétrica de Jirau, referente ao período temporal de 2009 a 2018. As concentrações de mercúrio total variaram entre 0,26 e 35,05 μg g-1 (4,18 ± 4,03 μg g-1) e a mediana de 2,94 μg g-1 em Fortaleza do Abunã e entre 0,21 e 25,28 μg g-1 (2,88 ± 2,13 μg g-1) e a mediana de 2,41 μg g-1, inferindo maior exposição ambiental ao mercúrio em Fortaleza do Abunã quando comparado a Nova Mutum-Paraná. Os resultados deste estudo, apesar de não serem conclusivos, são fortes indicadores da relação entre os hábitos alimentares e a concentração de mercúrio em cabelos, demonstrando uma correlação plausível entre os níveis de mercúrio em peixes, confirmando a importância de estudos do gênero e à compreensão do ciclo de Hg na região amazônica por se tratar de investigação de saúde humana.