A guerra de ACM e Jader nos jornais : um caso de violência simbólica

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar o poder de influência das fontes de informação na construção do noticiário político brasileiro. O método adotado para pesquisar a relação entre jornalistas e fontes de informações políticas é o pensamento relacional, formulado por Pierre Bourdieu, que permite a associação de distintos métodos investigativos da realidade social. No âmbito dos estudos da comunicação, o trabalho emprega a linha de pesquisa denominada newsmaking, que divide o processo de construção da notícia em captação, seleção e apresentação da informação. As fontes são essenciais à captação da informação e podem ser hierarquizadas segundo critérios diferenciados. A análise dos discursos das instituições de comunicação, neste trabalho, tenta verificar a quem serve a cobertura política realizada pela imprensa e por quê. O estudo também utiliza o método etnográfico. A experiência do autor como jornalista foi decisiva na definição da base de dados da pesquisa: a cobertura política do Congresso Nacional realizada pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo. O trabalho ainda resgata o conceito de esfera pública, formulado por Jürgen Habermas, para contextualizar historicamente as relações entre imprensa, sociedade e Estado. A investigação orienta-se pela teoria de que o ser humano é um ser simbólico e, como tal, constrói sua realidade a partir dos símbolos que apreende e identifica. Os símbolos são instrumentos “de integração social”, responsáveis pela estruturação da realidade social, e podem ser utilizados como ferramentas de dominação (ideologias). Poder simbólico, observa Pierre Bourdieu, é o poder de construir a realidade social, e violência simbólica é o ato que um agente (ou grupo de agentes) comete ao impor sua concepção de realidade aos demais. A realidade social é relacional, destaca P. Bourdieu, e o espaço social, um campo de forças dividido em subcampos que se interagem e se delimitam nessa interação. Os subcampos, assim como os agentes no interior destes, podem ser distinguidos entre dominantes e dominados.