http://repositorio.unb.br/handle/10482/3423
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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2008_ItaOliveiraSilva.pdf | 4,94 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | Socialidade e acesso a recursos alimentares por fêmeas de sagüis (Callithrix penicillata) em grupos em ambiente natural |
Autor(es): | Silva, Ita de Oliveira |
Orientador(es): | Macedo, Regina Helena Ferraz |
Assunto: | Sagui Animais - comportamento Primata - nutrição Reprodução animal |
Data de publicação: | 26-Jan-2010 |
Data de defesa: | 2008 |
Referência: | SILVA, Ita de Oliveira e. Socialidade e acesso a recursos alimentares por fêmeas de sagüis (Callithrix penicillata) em grupos em ambiente natural. 2008. 112 f., il. Tese (Doutorado em Biologia Animal)—Universidade de Brasília, Brasília, 2008. |
Resumo: | O sagui do cerrado ou mico estrela (Callithrix penicillata) é um primata bem descrito para suas características fisionômicas, mas as características sociais, comportamentais e reprodutivas específicas são pouco conhecidas. Poucos são os trabalhos sobre a ecologia comportamental que abordam a socialidade deste calitriquídeo. Vivendo em um ambiente com marcante variação sazonal de chuvas e seca, com reduzida oferta de recursos, acredita-se que o C. penicillata desenvolveu mecanismos comportamentais flexíveis para a reprodução. Estes mecanismos são particularmente intrigantes, quando se considera o alto custo reprodutivo para fêmeas, um sistema de acasalamento monogâmico, o cuidado da prole estendido e o sistema hierárquico em que fêmeas subordinadas não se reproduzem. Este estudo objetivou investigar os mecanismos de hierarquização social em fêmeas de C. penicillata, com ênfase nos comportamentos sociais, na exploração de recursos alimentares e uso do espaço. Dois grupos de sagüis do cerrado foram observados pelo método de animal focal e registro instantâneo, de janeiro de 2006 a outubro de 2007, em diferentes fases do dia, no Jardim Botânico de Brasília. Foi observado o comportamento alimentar, o comportamento social e o uso do espaço de três fêmeas adultas de cada grupo. No primeiro grupo, duas fêmeas, uma considerada dominante e a outra subordinada, reproduziram. No segundo grupo, somente uma fêmea reproduziu e as relações de dominância foram menos freqüentes e explícitas. Embora a primazia alimentar por parte das fêmeas reprodutoras não tenha sido estatisticamente evidenciada, dominantes utilizaram-se da primazia de acesso a recursos alimentares, realizando maiores taxas de agonismo. Em ambos os grupos ocorreu o cleptoparasitismo em um teste com suplementação artificial com bananas. Embora as fêmeas dos dois grupos, principalmente a do grupo 1, apresentem maiores níveis de agressão, diferenças no perfil hormonal (estrógenos, progesterona e cortisol) não foram observadas, num contexto geral. Reprodutoras, no entanto, possuem maiores níveis de progesterona fecal quando comparadas a não reprodutoras. Sendo assim, as reprodutoras, as quais as demandas da reprodução são maiores, devem adotar estratégias comportamentais diferenciadas para a obtenção de recursos que possam suportar o alto custo reprodutivo. Estas estratégias não se refletem no perfil hormonal e nas freqüências dos comportamentos alimentares, mas sim nos comportamentos sociais e em um uso espacial e temporal flexível dos recursos alimentares oferecidos. Na árvore de goma, o comportamento das fêmeas reprodutoras dentro de um mesmo grupo foi similar, porém a subordinada pareceu variar espaço temporalmente no uso dos recursos como a goma de forma a não disputar o mesmo recurso com a dominante. Além disso, a fêmea reprodutora parece assegurar o consumo da melhor goma a ser consumida por chegar primeiro à arvore e por utilizar preferencialmente os locais da árvore com maior número de escarificações ativas e mais seguras em relação a predadores. Fases de maiores e menores demandas energéticas, devido ao alto custo reprodutivo, não alteram o comportamento das fêmeas na arvore. As fêmeas apresentaram comportamentos e uso do espaço semelhantes em ambas as estações, com exceção de que o comportamento parado foi maior na estação seca. A área de uso parece ser bem delimitada para cada grupo e não parece sofrer variações em função da sazonalidade. Maiores freqüências do comportamento parado na estação seca podem estar relacionadas a fatores como a termoregulação ou a predação. As freqüências para cada um dos comportamentos realizados pelas fêmeas parecem indicar que cada animal possui uma estratégia individual diante das oscilações ambientais e sociais Estudos abordando as relações entre o comportamento de machos e fêmeas, outros aspectos fisiológicos (peso, hemograma, parasitologia) e ainda o grau de parentesco entre os animais de um determinado grupo e entre grupos que utilizam uma mesma área podem auxiliar na complementação dos resultados aqui descritos. _______________________________________________________________________________ ABSTRACT The Cerrado or black tufted-ear marmoset (Callithrix penicillata) is a well described primate in terms of its physical characteristics, but its social, behavioral and reproductive characteristics are not well known. There are few studies of this calitrichid concerning its behavioral ecology related to sociality. Living in an environment with striking seasonal climatic variation (rainy and dry periods), with reduced food resources, it is believed that C. penicillata developed flexible behavioral mechanisms for reproduction. These mechanisms are remarkable, considering the high cost of reproduction for females, the monogamous mating system, the extended care of offspring and the hierarchical system wherein subordinate females do not reproduce. The objective of this study was to investigate the mechanisms of social stratification for C. penicillata females, with an emphasis on social behavior, exploration of food resources and use of space. Two groups of black tufted-ear marmosets were observed through the focal animal and instantaneous scan methods, from January 2006 to October 2007, in different moments of the day, in Brasilia’s Botanical Garden. Foraging and social behavior and the use of space by three adult females of each group were observed. In the first group, two females reproduced, one of them considered dominant and the others subordinates. In the second group, only one female reproduced, and the dominance relationship was observed less frequently and seemed less explicit. Despite the fact that the dominant females of both groups, particularly of Group 1, showed high levels of agonistic behavior, no differences in hormonal profile (estrogens, progesterone and cortisol) among individual females were observed. Reproductive females, however, showed higher fecal progesterone levels compared to non-reproductive females. Reproductive females, with high energetic requirements related to reproduction, have to adopt different behavioral strategies to gain the food resources needed. These strategies seem not to reflect on hormonal profile and feeding behavior frequencies, but rather in social behavior and flexible spatial and temporal use of the food resources. On the exudate tree, behaviors of reproductive females within the group were similar, but the subordinate female seemed to vary the use of resources (i.e., gum), in space and through time, in order to decrease the competition for the same resource with the dominant. Moreover, the reproductive female seems to guarantee the use of better gum because she arrives first on the tree and uses preferential sites, with a higher number of active bark scrapings and that may be more protected from predators. Phases of higher or lower energy consumption, due to reproductive costs appear not to change the behavior of females in the exudate tree. Females presented similar behaviors and home range use during both rainy and dry seasons, but “inactive” behavior (i.e., stop) was highest during the dry season. Home range seems well marked for each group and did not vary as a function of seasonality. The highest frequencies of inactive behavior, during the dry season, may be related to factors such as thermoregulation and protection from predators. The behavioral frequencies for each female seem to indicate that each animal presents individual strategies because of environmental and social variations. Studies showing the relations between male and female behaviors, physiological factors (weight, hemogram, parasitology) and genetic relatedness between the animals within and between groups using the same area will help to complement the results described in the present study. |
Unidade Acadêmica: | Instituto de Ciências Biológicas (IB) |
Informações adicionais: | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, 2008. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal |
Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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